EUA: “Latinos go home!” – parte 2

Publicado por Afonso Machado 11 de maio de 2009

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A reportagem de Leonardo Ferreira no “Brazilian Voice”, jornal da comunidade brasileira nos EUA, intitulada “Crise econômica força imigrantes a avaliarem vida nos Estados Unidos” exibe opiniões controversas de especialistas sobre o êxodo de volta dos latinos. A matéria abre debate sobre o tema:

“Em todos os Estados Unidos, milhares de imigrantes – tanto legais quanto ilegais – estão enfrentando o mesmo dilema: continuam buscando emprego numa economia em crise ou voltam para casa, onde a situação econômica, muitas vezes, pode ser ainda pior?”

A matéria cita uma entrevista ao portal “cnn.com”.de Abel Valenzuela, professor da UCLA – Universidade da Califórnia – Los Angeles, que passou anos estudando os operários diaristas.

“As coisas estão muito difíceis e acho que acabam impactando os que estão na base da pirâmide social ainda mais”, “Os operários estão realmente sentindo o impacto. Todos eles estão competindo pelos poucos empregos disponibilizados”,

Continua a matéria do Brazilian Voice: “O ‘boom’ do crescimento econômico nos Estados Unidos durante as décadas de 1990 e 2000 criou uma grande demanda por mão-de-obra que variava, desde construir casas, à agricultura, dos matadouros às babás. Com a crise, muitos desses empregos simplesmente desapareceram, resultando em cada vez mais pessoas – imigrantes e americanos natos – indo em massa à agências de emprego ou fazendo filas nas calçadas em busca de qualquer tipo de trabalho que possam conseguir.”

A matéria do BV mostra opiniões divergentes entre os especialistas. “Erik Camayd Freixas é professor da Universidade Internacional da Flórida, vem atuando há mais de 2 décadas como intérprete no tribunal local e viajou recentemente à Guatemala, onde presenciou os efeitos da queda das remessas feitas pelos imigrantes. “Todos estão falando sobre o assunto”, disse ele. “A economia local foi prejudicada e o desemprego é alarmante”. Ele disse que inúmeras pessoas deportadas dos Estados Unidos estão tentando encontrar qualquer tipo de emprego na Guatemala. “Há pessoas que chegaram há 6 meses e ainda não encontraram emprego”, comentou. Por isso, disse ele, muitos imigrantes preferem ficar nos EUA, mesmo com os obstáculos enfrentados no país, pois sabem da .dificuldade muito maior que teriam para voltar, pelo aumento da vigilância na fronteira.

Já outro especialista citado, Steven Camarota, do Centro de Estudos Migratórios, um grupo conservador sediado em Washington – DC, disse que dados do Censo indicaram que mais de 1 milhão de imigrantes deixaram o país em 2008, um movimento que começou antes que a crise econômica piorasse no final do ano passado. Ele acrescentou que as batidas policiais nos locais de trabalho em busca de ilegais “permitem que as pessoas saibam que as leis migratórias voltaram a funcionar”. Com os ilegais voltando aos seus países, disse ele. “É extremamente positivo para dois grupos: os contribuintes e os nativos com baixo nível educacional”.

A matéria do BV mostra como a falta de trabalho nos Estados Unidos impacta os países vizinhos. As remessas de dinheiro feitas pelos imigrantes mexicanos caíram pela primeira vez depois de 13 anos de altas ininterruptas. As remessas caíram 3.6%, de US$ 26 bilhões em 2007 para US$ 25 bilhões em 2008, segundo o Banco Central do México. O envio de dinheiro é a segunda maior fonte de divisas no México, perdendo somente para a exportação de petróleo. Outras nações da América Latina também sentiram o impacto da crise econômica nos Estados Unidos.

E ao final desfia os argumentos opostos.

“A verdade é que, apesar de nossa taxa de desemprego ser 7.6%, a maioria dos norte-americanos não ocuparão as vagas que os imigrantes ocupavam”, disse Erik. “Certamente, eles não colherão tomates, grapefruits e laranjas”. Camarota não concorda. Ele disse que os norte-americanos que não possuem o ensino secundário e que estão desempregados, a taxa de desemprego entre eles alcança 15%, tendem a competir por trabalhos na construção civil . “É muito dificil argumentar que estamos em falta de mão-de-obra básica”, disse ele.

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