Traumas

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 1 de junho de 2010

O passado deixa marcas em nós. Marcas de luz, marcas de dor. Um passado doloroso se torna para algumas pessoas um pesadelo que não termina, que sempre se repete, sempre é lembrado. Para outros a lembrança dolorosa some, desaparece, é “esquecida”. Então a pessoa carrega uma tristeza e falta de energia “sem motivos”.

De um lado a lembrança que atormenta, do outro a dor vazia, a lembrança que sumiu.

Não há como esquecer tudo aquilo que foi muito importante para nós, na época em que nós o vivenciamos. Aquele que ‘esquece’, inconscientemente tenta arrancar de si aquilo que viveu. Mas não arranca. Fica escondido e age. Influi.

O passado é presente. Está em nós. Tem que ser digerido, assimilado, compreendido. Às vezes transferimos para as pessoas do presente sentimentos de outras épocas. Posso sentir por minha esposa aquilo que minha mãe provocava em mim. De bom e de ruim. Deste modo não vejo minha esposa, mas o passado, a mãe. Posso maltratar o meu filho do mesmo modo que fui maltratado. Fico escravo do que recebi. Vingo-me.

Temos que educar nossos filhos. Temos que ajudar na formação deles. Temos que nos autoeducar. Temos que nos reformar, transformar, refazer. Ser adulto não é estar pronto. Somos inacabados.

Se as lembranças dolorosas podem ser como pedras que carregarmos, as lembranças felizes podem ser como asas, que nos dão vida, leveza, alegria. Bons momentos, intensamente vividos podem ser alimento, que vive na lembrança, mas que nos energizam vida afora.

Não precisamos ser escravos de um passado doloroso. A lembrança não será apagada, mas o nosso sentimento em relação ao passado pode ser transformado. Podemos compreender, aprender, perdoar. É a serenidade e a lucidez que podem nos libertar.               

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