É muito difícil conhecer bem outro ser humano. É também difícil conhecer a si próprio. Muitas vezes nos surpreendemos com nossas reações, fragilidades, nossas capacidades que estavam adormecidas. Quando as pessoas namoram e são sinceras, estão tentando encontrar alguém em cuja companhia se sintam felizes. No período inicial, na fase da conquista, nos esmeramos em mostrar nossas qualidades, nossa gentileza, tolerância, capacidade de adaptação, generosidade. Depois que a relação vai se firmando o esforço para agradar diminui e vamos ficando mais naturais e espontâneos. E assim nossos defeitos vão ficando mais aparentes: ciúmes, egoísmo, preguiça, vícios, traumas que carregamos, inseguranças. Se o namoro se prolonga por alguns anos e temos a oportunidade de conviver com freqüência e intensidade, é possível ter alguma noção realista de quem é esta pessoa que namoramos, que reações ela desperta em nós. Convivendo conhecemos um pouco do outro e um tanto sobre nós mesmos. Numa relação íntima e intensa vem à tona algumas partes do que somos. Com outra pessoa pode ser que eu descubra outras facetas de mim mesmo. Há uma atmosfera única que se cria entre duas pessoas. Se mudamos de par, em parte, somos outra pessoa.
Com freqüência, ingenuamente, o casal apaixonado acha que os defeitos de cada um vão melhorar depois que se casarem, que a alegria de viverem juntos dará incentivo para que se transformem para melhor. O que, em geral acontece é o contrário. Os defeitos aumentam, ficam mais difíceis de serem suportados. Quanto mais freqüente é uma relação, mais difícil fica. Ficamos mais espontâneos, ou seja, descontrolados. Com o nascimento dos filhos um novo desafio se junta ao anterior. Criar filhos é tarefa exigente.
Há casais que conseguem vivenciar as dificuldades do casamento como oportunidades de amadurecimento individual e também do amor recíproco. Outros não suportam e preferem separar-se. Dizem que estão decepcionados, que a outra pessoa mudou muito. Neste momento é importante cada um assumir a responsabilidade pela sua escolha. Quando um casamento dá errado, por piores que sejam os defeitos de um e de outro, é importante que assumamos: “Eu não fui capaz de prever como ele seria depois de casado. Eu escolhi errado. Não consigo viver bem com esta pessoa. Outra pessoa pode ser que consiga ser feliz com ela”. Colocar-se como vítima, mergulhar no tiroteio de acusações recíprocas é uma fuga que não leva a nada de valor.
Comentários
Gostaria de saber a opinião do autor sobre dois temas.
Primeiro, você acredita em almas gêmeas, quer dizer minha alma gêmea já está por aí e eu preciso apenas encontrá-la?
Segundo, você acredita em relações kármicas, quer dizer eu preciso ficar junto com alguém até pagar o karma, e só depois de um tempo eu sou liberado?