Ouvir

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 18 de janeiro de 2010

Pense nas pessoas que você gosta muito, que você ama. Namorado, namorada, família, amigos. Você tem uma real capacidade de ouví-los? Por quanto tempo? Você ouve com interesse, sem pressa, ou logo interrompe para dar a tua opinião, ou para contar um caso ou história da tua vida? Você gosta de ouvir, ou você gosta mesmo é das pessoas que gostam de te ouvir? Entre as pessoas que você gosta, existem algumas que você ouve com freqüência e existem outras que você procura mais você quando você precisa ser ouvido? Ouvir não é apenas dar tempo para alguém falar, desabafar, contar suas histórias. Ouvir é perceber o outro, é relacionar-se intimamente. Você olha nos olhos das pessoas que você ama? Você deixa que estas pessoas olhem dentro dos teus olhos? Ou você tem medo que te vejam através dos olhos? Ouvir é também perceber o olhar daquele que nos fala.  Às vezes a boca fala algo, mas os olhos desmentem. Às vezes a fala está controlada, mas os olhos estão úmidos de emoção. Existem pessoas que disputam o tempo de um encontro. Falam, falam, interrompendo sempre quem tenta falar. É como se dissessem: ”O tempo é meu, eu preciso ser ouvido, não quero te ouvir mas quero muito que você me ouça“. Às vezes quando se diz “eu te amo“ para alguém, a mensagem é: ”Eu gosto de ser ouvido por você, gosto de receber os teus carinhos, gosto dos conselhos que você me dá, gosto que você me faça companhia indo comigo onde eu quero ir, gosto que você me ajude resolvendo para mim meus problemas práticos. Neste caso dizer ‘eu te amo‘ equivale a dizer: “Eu gosto de receber o teu carinho, amor e atenção”. Não estou disponível para dar. Como é bom receber de você quase tudo que eu preciso”. Existem pessoas que gostam de ser ouvidas, mas não se impõem, não exigem atenção, não fazem questão de falar, a menos que sintam no outro um real interesse, um interesse calmo, acolhedor, caloroso. A não ser assim são apenas ouvintes. Saber ouvir é gostar de conhecer alguém. É ser capaz de ver dentro, de querer entrar no mundo desta pessoa. É tentar perceber o que outro pensa, sente, quer, o que o alegra e o que deprime, o assusta. É ser capaz de sentir-se bem e ter alegria por conhecer verdadeiramente alguém. Ouvir assim é saber amar.

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