o homem se aproxima da janela
(a paisagem o vê) nele desenha
na pálpebra um leve sobressalto
um riso que era longa sinfonia
tocada em condensada partitura
o homem se distrai em procurar
história de amor nos transeuntes
quanto a paisagem nele mimetiza
as tintas tanto mais exuberantes
em troca dessa luz do seu olhar
o homem se afasta da moldura
dos vastos edifícios no entorno
e volta a se enquadrar fora de si
(a vida por instantes o perdeu)
em troca da paisagem inercial
o homem se aproxima da janela
de vidro que absorve a solidão
o existir conforme apreendido
pela paisagem foto tela quadro
às quinze para onze da manhã
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