O Natal de minha infância

Publicado por Sebastião Verly 17 de dezembro de 2015

natal

Queria tanto escrever o que sinto no Natal para os moradores do Núcleo de Apoio à Maturidade onde participo fazendo palestras!

Falar de tempos em que a gente vivia intensamente as mais belas ilusões.

À noite, acendíamos as lanternas penduradas em volta da casa, armações preparadas de folhas de flandres ou madeira cobertas com papel de seda de várias cores. Dentro, a base para a vela que iluminaria a noite. Uma vez ou outra o papel pegava fogo e era menos uma lanterna para iluminar a noite.

O presépio era armado na Igreja, mas com o tempo algumas famílias passaram a montar seus presépios em casa, do jeito que era possível. A grama do presépio era um plantio de alpiste em lata de marmelada e ficava lindo aquele canteirinho em volta da imagem do Menino Jesus. Os animais, eram os que eram encontrados no comércio, ficavam engraçadinhos. A cabaninha que representava a manjedoura cobria um berço tosco com o menino, cuja pobreza nos tocava a sensibilidade ingênua. O pai e a mãe do Menino Jesus traziam para dentro do presépio nossos pais. E enternecíamos.

Os reis magos com os presentes nas mãos, antes, portanto de depositá-los ao lado da criança, traziam ouro, incenso e mirra. Ouro e incenso até poderíamos saber. E mirra, o que seria?

Depois, aparecia o velhinho de barba branca e roupa vermelha parado em cima de um trenó puxado por renas e com um saco de presentes.

Numa cidadezinha, quase comunitária, essa data unia ainda mais as pessoas, especialmente, através dos filhos e seus presentes.

Pais que mal podiam comprar alimentos para os filhos ainda encontravam um trocado para comprar um apito de plástico ou uma frágil bola de borracha ou de plástico macio. Ou algum vizinho deixava que o pobrezinho brincasse com seus presentes, principalmente se fosse uma bola ou até uma boneca que podia ser batizada e ganhava uma madrinha.

Em alguma casa pobre, um parente ou amigo com melhores condições trazia um brinquedo para alegrar o dia de uma ou mais crianças.

O dia todo era só alegria. A gente queria saber o que o vizinho ou o amigo havia ganhado. Havia prazer em ver alegria com os brinquedos de cada um.

Comentários
  • nilton cezar 2743 dias atrás

    Parece que vc estava falando de mim, um abraço de seu conterrâneo Nilton!!!!!

  • Antonio Ângelo 3218 dias atrás

    Verly, isto sim é que é o verdadeiro espírito de Natal!
    Taí uma nostalgia que se justifica.

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