Quatro as estações,
É o tempo que percorro,
É o tempo que diviso,
No espaço multivário,
Viajando pelas galáxias,
Imperceptivelmente,
Por mil e uma noites,
Mais uma vez.
Esculpirei na pedra o poema do milênio?
Conhecerei outra cifra,
Outra estranha algaravia?
É a mosca socrática,
Interrogativa,
Imperando.
Entre o vórtice e o remanso,
Debruço-me interrogativo,
Sobre o dorso da amada,
Colhendo e recolhendo,
O prazer e a dor,
Da construção de cada dia.
E nas dobras do tempo,
As águas do rio rubim,
Tomarão o amazonas.
Numa vaga incessante.
Ah! Poeta! Ah! Poeta!
Sacerdote do futuro,
Entre ervas e óleos,
Invocarei,
Aprendiz de demiurgo,
Um novo tempo.
Que Homero foi um cego,
Mas sua poesia não.
Miltoncego,
Borgescego.
É esta cegueira,
Profusa e incessante,
Que revelará,
O lume incendido,
Do caos primordial?
Ah! Poeta! Ah! Poeta!
Por mil e uma noites,
Viveremos novamente,
Quatro novas estações,
Mais uma vez.
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