Por uma subjetividade erótica – parte II

Publicado por Bill Braga 22 de maio de 2018

Por uma subjetividade erótica – parte II

Reich foi um inadaptado intelectual. Suas teorias continuam à margem dos cursos de psicologia no mundo, apesar de sua contribuição fenomenal no entendimento da formação das neuroses no seio do capitalismo moderno. Reich foi psicanalista, mas acabou por ser excluído do círculo de Viena por Freud, devido às ortodoxias do pensamento deste. Foi membro do Partido Comunista, mas acabou rompendo com eles também, por suas ácidas críticas ao fascismo de esquerda implantado na União Soviética. Foi singular. Não se encaixava em ideologias nem em modelos. Talvez por isso tenha fascinado tanto Osho quanto Freire. Sua teoria se desenvolveu numa concepção monista, ou holista, integrando corpo e mente. Ele entendia que as formações neuróticas tinham manifestações físicas em formas de repressões que ele chamou de couraças neuromusculares. E para lidar com isso desenvolveu em sua clínica uma série de técnicas corporais que visavam libertar o corpo e a psique das repressões acumuladas. A origem delas ele identifica na família burguesa e na sua educação autoritária. Desenvolveu também o conceito de orgone, desenvolvido atualmente como bioenergia por práticas energéticas e corporais neorreichianas e terapias holísticas. Foi um libertário, ainda que não se entendesse ou pronunciasse como anarquista. E mais do que as técnicas Reich prenunciou o orgasmo sexual como forma primordial de libertação de tensões e couraças. Tudo muito avançado para um século XX ou XXI, ainda recheados de um conservadorismo burguês.

Tantra Reich e Osho – conectando corpo mente e espirito

Osho bebeu diretamente nas águas das descobertas de Reich, e era tributário de seu legado. Todavia o guru indiano foi além, e baseado nas filosofias orientais, em especial no Tantra deu uma nova dimensão às ideias de Reich. Aliando a percepção corporal de Reich com a ideia tântrica, Osho fundiu psique, corpo e espírito desenvolvendo suas meditações ativas, ou dinâmicas como forma de conexão transcendental. Meditação, culto do silêncio e introspecção, tão caros a diversas vertentes dos orientalismos, como budismo zen, taoísmo, sufismo. Aliados a dinâmicas e exercícios de excitação corporal eram a solução perfeita, na visão de Osho, para o homem moderno capitalista reencontrar sua essência, ou sua consciência primordial. Aquela que é tudo e nada, integra e dissolve-se, aproximando-os do que Freud denominou de experiência oceânica. A transcedentalidade no caso de Osho, distancia-se de religiões, encontra-se numa vivência subjetiva da espiritualidade, entendida como a conexão profunda entre o si e o self, usando de termos junguianos. Além disso a importância fundamental da dimensão sexual para o Tantra da forma como apropriado por Osho recolocava na vida dos seres humanos alienados e autômatos de uma sociedade de controle e disciplina a dimensão do prazer como ato fundador da subjetividade. Gozar plenamente, é sinônimo de saúde.

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