Não me rendo

Publicado por Antonio Ângelo 11 de agosto de 2015

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Que te proponhas a me perdoar
não faz a menor diferença.

Que me dirijas olhares
que jamais vi nos altares;

que sempre insinues
que sou de todos os vícios.

Por que seria eu a artífice
da angústia que em ti resiste?

Pouco me importa se surtas
e me vens aos gritos, insultos.

Se me interditas, me interrogas,
se me entorpeces com drogas.

Se os nomes mais feios me imputas –
piranha, vadia, puta –

quando vou à rua
vestindo a saia mais curta.

Não ligo para xingos, carrancas,
eu que nunca fui santa.

E quanto mais implorares, insistires,
mais vou delinquir.

Ainda se me acalantas,
mesmo até se me espancas.

Comentários
  • JOECE AGUIAR NEVES MELLO 3341 dias atrás

    Parabens!!!
    Gostei muito.

  • verly 3344 dias atrás

    Puxa vida. Você à cada dia apresenta o novo e melhor. Parabéns Sebastião Verly

  • Wesley 3344 dias atrás

    Eis o papel do poeta: obrigar-se a ver e desvelar pela palavra o lado oculto, a face obscura, a noite mais sombria. Eis um poeta em sua memorável batalha. Dá-lhe, angelus!

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