A mais longa noite

Publicado por Antonio Ângelo 24 de agosto de 2015

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descubro hoje que foge
saio à sua procura
como um escaler
em mar revolto
um insone
um cigano
de entremeio
míseras cédulas
no alforje

que busca
vergéis
alfombras
demônios
vícios
fiordes
sem nomes
cenários
desconfio

confirmo que
na esquina
avara
forjava
o sinal
anônima
de burca
no intuito
incontornável
da fuga

eu nego
o óbvio
dela
nem sombra
trânsfuga
rapto miragens
sem saber que
as fontes
minguaram
que o ódio
em vantagem
lança seu repto
remete
inclemente
escombros
ao desmonte
do ego
estulto

como intuí
não sei
arabescos
na parede?
rastros no asfalto?
que iria
em meio
ao pesadelo
em meio
ao tráfego
sinais invertidos
sem arrego
em mágoas
envolta
sumir

certamente
diligente
de falsas pistas
mesmo estas
escassas
espalhar
pois me sabe
autômato
em surto
incapaz de
instituir
a porfia
sem desistir
no entanto
da busca

sem trunfos
inerme
fadado
ao descaso
me arrasto
escravo inânime
sem rumo
sem prumo
em meio
à nevasca
brusca
e o vento
que uiva
nas vastas
paragens
acima das
covas
vergasta-me
a derme

resta me pois
exangue
estender as mãos
já gastas
em busca apenas
do que for
mínima que seja
desnuda verdade

que permita
a mim
nesta hora
entender
que tudo não passa
de abjeta invenção que
inconsequente
armei no interstício
de minh’alma crédula
que agora grita
basta!
mas que ainda se inquieta
e blasfema

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