A missão incompleta

Publicado por Antonio Carlos Santini 27 de agosto de 2015

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Quem visita Kerala, na Índia, faz contato com as comunidades católicas de rito siro-malabar, cuja origem é atribuída à presença do apóstolo São Tomé, que ali viveu e morreu, ainda no primeiro século da Igreja de Jesus Cristo. Seu notável périplo obedecia ao último mandato de Jesus: “Ide e fazei para mim discípulos de todas as nações”. (Mt 28,19.)

Já no Séc. XVI, exatamente em 6 de maio de 1542, desembarcava da nau Santiago, no porto indiano de Goa, o nobre espanhol hoje conhecido como o santo jesuíta Francisco Xavier. Além da Índia, o discípulo de Inácio de Loyola evangelizou na Malásia, Sri Lanka, Indonésia Oriental, Japão e China, onde morreu.

Passados vinte séculos do imperativo de Jesus Cristo, como anda a missão de anunciar a Boa Nova?

Os demógrafos avaliam em 7,2 bilhões de pessoas a população do planeta Terra. Apenas seis nações reúnem quase a metade – 48,6% – desse total: China, Índia, Japão, Indonésia, Bangladesh e Paquistão. Teriam ali ouvido o anúncio do Evangelho? Um quadro nos dá a resposta:

PAÍSES POPULAÇÃO CRISTÃOS %

China——————-1.401.000.000——————-3,0
Índia——————–1.282.000.000——————-2,4
Japão——————-126.000.000 ———————3,2
Indonésia————-255.000.000 ———————9,0
Bangladesh———-160.000.000———————-0,4
Paquistão————-188.000.000———————2,5

Em uma população de 3,4 bilhões de pessoas, nem 3% delas aderiram ao Salvador, que deu sua vida por nós. Tudo indica que faltaram missionários suficientes para o anúncio desejado por Jesus Cristo.

Já em sua época, Francisco Xavier clamava pela presença desses missionários. Em uma de suas cartas, datada de 1542, ele escrevia:
“Percorremos as aldeias de neófitos, que receberam os sacramentos cristãos há poucos anos. Esta região não é cultivada pelos portugueses, já que é muito estéril e pobre; e os cristãos indígenas, por falta de sacerdotes, nada sabem a não ser que são cristãos.
Nestas paragens, são muitíssimos aqueles que não se tornam cristãos, simplesmente pela falta de quem os faça tais. Veio-me muitas vezes o pensamento de ir pelas academias da Europa, particularmente a de Paris, e por toda parte gritar como louco e sacudir aqueles que têm mais ciência do que caridade, clamando: ‘Oh! Como é enorme o número dos que, excluídos do céu, por vossa culpa se precipitam nos infernos!’

Quem dera que eles se dedicassem a esta obra com o mesmo interesse com que se dedicam às letras, para que pudessem prestar contas a Deus da ciência e dos talentos recebidos!”

Sei que os tempos são outros. Talvez nem acreditem mais no inferno. Em defesa das culturas locais, talvez acusem o Evangelho de força de destruição. Mas de uma coisa eu tenho certeza: a missão está incompleta…

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