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Escrevo de forma oblíqua
(de outro modo não escreveria)
Escrevi para uma mulher que não me amou
(arrependimento não mata, hoje eu sei,
está escrito que poemas não se apagam).
Escrevo para rir e para chorar
(muito mais para não ser esquecido).
Escrevo como o menino que cai da árvore
(como o cão que lambe suas feridas
e volta ao pulgatório com o rabo entre as pernas).
Escrevo por equilíbrio (em desequilíbrio)
para ter um minuto de silêncio comigo.
Escrevi palavras vazias, frias e cortantes
(era como estar no fio da navalha, em guerra
com tudo o que havia por dizer, porém não dito).
Escrevo por uma gota de liberdade, para
respirar, para ter paz (a ilusão é a última
que morre, se é que morre).
Escrevi para mudar o mundo
(mas o mundo é que tem me mudado – para pior).
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