Nesta reportagem fotográfica apresentamos um quadro provocador, ao mesmo tempo maravilhoso e desolador. Aquela que já foi uma das mais belas estações ferroviárias de Minas Gerais, a Estação Ferroviária de Bocaiúva, no norte do estado está num processo de desesperada agonia. Durante o dia os meninos aproveitam suas plataformas para andar de bicicleta, mas à noite é uma terra de ninguém, segundo reclamam os moradores do Bairro Pernambuco, que pedem socorro às autoridades. Vamos enviar cópias desta matéria à Ferrovia Centro Atlântica, responsável pelo mesmo, ao senhor prefeito de Bocaiúva, ao IEPHA, ao IPHAN e também ao ministro Patrus Ananias que é filho de Bocaiúva.
A Estação Ferroviária de Bocaiúva fazia parte da Estrada de Ferro Central do Brasil e foi inaugurada em 1925. Foi ponta de linha por um ano, até a inauguração do trecho que alcançou Montes Claros, em setembro de 1926. O projeto de ligação com a Estrada de Ferro Bahia-Minas, que nunca saiu, é o que justificou a majestosa beleza da Estação Ferroviária de Bocaiúva. O nome da estação era uma homenagem ao político Quintino Bocaiúva, por ter este conseguido a transferência da sede da vila, de Jequetaí, onde se localizava, para a pequena vila que então servia de estação ferroviária.
Segundo se comenta na cidade, a empresa Ferrovia Centro Atlântica que foi criada a partir da privatização da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, que só utiliza esta linha para transporte de cargas, resiste a outro tipo de aproveitamento do imóvel alegando não ser seguro o trânsito de pessoas, pois as linhas estão ativas com o transporte de cargas. Não foi o que pudemos observar, pois durante o dia são os meninos andando de bicicleta pelas plataformas que podem ter a vida em risco, não apenas pelo tráfego dos trens, mas pela ameaça de desabamento do que ainda resta da estrutura dos telhados, e à noite quem se sente ameaçada é a própria comunidade, pois segundo os moradores ali se reúnem todos os tipos de infratores. As imagens falam por elas mesmas!
Lembramos a música Ponta de Areia de Milton Nascimento:
Ponta de areia, ponto final
Da Bahia à Minas, estrada natural
Que ligava Minas ao porto, ao mar
Caminho do ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra o povo alegre que vinha cortejar
Maria Fumaça, não canta mais
Para moças, flores, janelas e quintais
Na praça vazia, um grito um ai
Casas esquecidas, viúvas nos portais
Comentários
O que é que estão esperando as autoridades responsáveis para restaurar este imóvel? Tanto dinheiro jogado fora e a cidade em completa decadência. Simplesmente inaceitável. Por favor tomem uma atitude urgentemente.
Bela reportagem. Merecedora de cuidados políticos. Que as autoridades se juntem em nome do povo, do municipio, do estado e do BRASIL.