Entre ciência e fé

Publicado por Carlos Scheid 30 de janeiro de 2017
entre ciência e fé

No ano da graça de 1772, o renomado físico Lavoisier assinou um relatório da Academia de Ciências, segundo o qual “a queda de pedras vindas do céu era fisicamente impossível”. Em outros termos, os meteoritos ficavam cientificamente proibidos de cair sobre nosso sábio planeta.

Infelizmente, a natureza é um tanto rebelde aos postulados acadêmicos… Tanto que, já em 1790, o meteorito Barbotan despencava com fragor sobre uma distraída comuna francesa, fato que foi testemunhado e documentado pelo senhor prefeito e todo o seu conselho municipal.

Estas e outras “bandeiras” (ou mancadas) cometidas pelos ilustres homens de ciência têm sido sistematicamente perdoadas pelos crentes de todos os credos. A fé sabe perdoar. Ao mesmo tempo, os acadêmicos de hoje continuam com avareza cada oportunidade de acusar a Igreja Católica por ter “silenciado” o pobrezinho do Galileu, quando este sábio ousou deslocar a Terra do centro do sistema solar e, de quebra, extraiu de suas observações astronômicas alguns corolários teológicos, como a contestação da Bíblia enquanto texto divinamente inspirado.

É óbvio que os cientistas são pessoas ideologicamente neutras e invariavelmente bem intencionadas. Apenas defendem – com unhas e microscópios – o direito de afirmar verdades provisórias, isto é, o sagrado direito de errar! E mais: errar sem ter de ouvir advertências e repreensões de qualquer tipo de autoridade. Trabalhar sob a vigilância de imperativos éticos faz o pesquisador sentir-se amarrado a uma camisa de força.

Exemplo disso é a continuada polêmica em torno da utilização de embriões humanos como matéria-prima para pesquisa. Embriões humanos que uma “especialista”, entrevistada pela Rádio CBN, definia como “apenas um montinho de células”…

A Igreja Católica é teimosa, arrogante, retrógrada – afirmam os novos alquimistas da genética -, inaceitável entrave ao progresso científico! Em sua obstinação (ou seria fidelidade?), a Igreja insiste em ver o embrião como pessoa humana e, por isso mesmo, proprietário de direitos humanos, vindo em primeiríssimo lugar o direito de… viver…

O cientista trabalha com hipóteses. Uma dessas hipóteses inclui a possibilidade de a Igreja estar errada. Ainda no terreno das suposições, o homem poderia ser “apenas” um animal como os outros. Sem alma. Sem destino eterno. Não teria razão o cristão, que vê o homem como filho de Deus por adoção ou, no mínimo, vocacionado a tal filiação.

O homem (e a mulher, claro!) seria apenas um bicho que raciocina. Ou um “tubo digestivo pensante”, segundo Sigmund Freud. Assim des-mitificado, despojado de auréolas espirituais, nada impediria que o homem fosse comprado e vendido, alugado e usado, cortado em fatias e leiloado para transplantes, sempre em benefício do mais rico e do mais forte.

Mas a Igreja tem alguma dificuldade em aprovar essa “antropologia pragmática”. É que os olhos da Igreja estão fixos em Belém de Judá. Ali, sobre a palha do Natal, o Filho de Deus – que acaba de mamar! – dorme sobre a manjedoura. A Divindade foi injetada nas artérias da Humanidade. Somos, agora, uma raça divinizada.

Depois que o Verbo assumiu a nossa natureza, nunca mais seremos carne de açougue, pois a argila iluminada irradia a luz solar que há de vencer as trevas para sempre…

Comentários
  • Maria do Carmo 2643 dias atrás

    Sr Carlos,
    imagino que o senhor não acredite que os espermatozóides masculinos sejam seres vivos, nem os óvulos femininos. Quando os dois se unem formam o embrião, que a partir do terceiro mês, quando começa a assumir a forma humana passa a chamar-se feto. Em que momento o senhor acredita que a alma esteja integrada ao corpo em formação, no momento em que o espermatozóide se une ao óvulo? O senhor acredita que o óvulo a partir de sua fecundação já possa ser chamado de um ser divino, dotado de alma?

    • Carlos Scheid 2634 dias atrás

      Prezada Maria do Carmo,
      acredito no ensinamento da Igreja Católica, ou seja, no exato momento da fecundação (união dos gametas humanos) o Criador infunde a alma no novo ser. Mas não é um ser “divino”, é um ser “humano”, criatura de Deus e vocacionado à filiação divina por adoção. Obrigado.

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