A palavra me dá medo
Como pesadelo
Um abutre
Pousado em meus ombros
A matéria fluida
Do primeiro dia do mundo
Retornando em ondas
Punhal
A palavra é toda a coisa
Que se queira
Uma mesa
Sol na linha do horizonte
O sinal o signo
Intérprete do que se passa
O que se sonha
Luz e sombra
A palavra a tudo se presta
Sendo nada
A significação
Embora de toda água beba
Em todo lugar esteja
Antes do homem
Matéria prima
Incompreensível
A palavra é construção
Arquitetura
Texto imagem
Poema imerso em água
Vagalume em noite escura
Ambivalência
Em papiro escrita
Em silêncio ecoa
A palavra
O nome que tudo inicia
Inintelingível
Comentários
Profunda e apreciável. Deve ser saboreada lentamente, verso a verso, no silêncio. Semelhante a obra exposta acima da poesia, é complexa, aos olhos ligeiros, reveladora, ao observador penetrante.
[A palavra]
“Em papiro escrita
Em silêncio ecoa”
ecoe!