Meninar

Publicado por Sânia Campos 29 de abril de 2024
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Na cadeira da varanda, mais uma vez eu voava nos pensamentos e lembranças. Pensava na brevidade da vida e na impermanência, quando me veio a música de Lulu Santos: “tudo muda o tempo todo, no muuuuuuundo!”

Sentia o frescor do vento no meu rosto. E fiquei admirada com o bem estar que isto me trouxe. Tão simples! E esta sensação provocou uma viagem no tempo. E fui puxando nos fios da memória cenas de quando menina corria pelo quintal. Cada canto deste quintal eu conhecia com detalhes: onde estavam os formigueiros, os ninhos de passarinhos, as árvores e suas folhas e frutos. Comer fruta, goiaba, mexerica, manga, ameixa, caqui e tantas outras, colhidas ali mesmo.

Este quintal era do tamanho do mundo. Ali inventávamos, eu e meus irmãos, brincadeiras e histórias. Em alguns dias, aventuras emocionantes e perigosas, desde a caça a tesouros, viagens longas, escalar picos e morros, construir cidades, fabricar tijolos de barro, montar fazendas….  Era comum também brincadeiras como “soltar papagaios”, jogar bolinha de gude, jogar maré. Tempo de se entregar a cada momento presente. O contato com cada morador deste quintal era emocionante: as pedras, a terra, os bichos e insetos e as plantas. No final de um dia no quintal, muitas vezes o joelho estava esfolado, as roupas e o corpo cobertos de terra e poeira.

Havia uma alegria leve e simples. Foi neste tempo que aprendi gostar de andar descalça, pisar na terra.

Como foi bom meninar no quintal da minha infância!

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