O Velho da Taipa, desbravador de Pitangui

Publicado por Padre Joao Delco Mesquita Penna 13 de maio de 2022

Velho da Taipa1

Antônio Rodrigues Velho, o Velho do Taipa, nascido em 1686 em Curitiba, Paraná, era neto de João Ramalho e Bartira, esta filha do cacique Tibiriçá, de Piratininga. Foi avô do Capitão Inácio de Oliveira Campos, esposo da fazendeira pitanguiense Dona Joaquina do Pompéu, a Dama do Sertão. O minerador, um dos fundadores e colonizadores de Pitangui, se casou com Margarida de Campos, filha do bandeirante José de Campos Bicudo, no ano de 1705 em Itu, SP. A alcunha Velho é sobrenome de família e Taipa porque morava em uma grande casa colonial de Taipa, uma das primeiras a serem edificadas em Pitangui, paredes de varas de taipa com barro calcado, chão de terra batida, coberto de folhas de palmeiras, construída no Batatal ao lado da capela de Nossa Senhora da Penha.

Chegou a Pitangui no início de 1705, com a Bandeira de seu sogro, na qual veio também o futuro líder revoltoso Domingos Rodrigues do Prado e se tornou o principal incentivador do progresso do arraial de Pitangui. Recebeu uma grande sesmaria, formou fazendas, desbravou e povoou os sertões do outro lado do Rio São Francisco. Teve uma fábrica de minerar, triturador de pedras, em parceria com outros desbravadores. No final do século XVIII, essa mineração ainda funcionava em Pitangui.

Com a elevação do arraial a vila em 1715, foi nomeado o primeiro Juiz Ordinário, cargo que exerceu diversas vezes e ocupou também, o cargo de Vereador da Câmara da Vila de Nossa Senhora do Pilar do Pitangui, nos anos de 1742 e 1743. Em sua homenagem, a Rua das Flores passou a denominar-se Rua Velho da Taipa.

A primeira estação férrea, distante de Pitangui cinco quilômetros, a antiga Estação do Miranda, em homenagem a esse grande desbravador dos sertões inóspitos e colonizador passou a denominar-se Estação Velho da Taipa. Faleceu e foi enterrado em Pitangui, no ano de 1766, deixando grande descendência.

Velho da Taipa2

Há uma carta do governador dom Brás Baltazar da Silveira escrita de São Paulo em 1º de setembro de 1713 em que comunica ao rei:

“Senhor. Vendo os moradores desta cidade que os reinóis no último levantamento os haviam lançado violentamente das Minas, e despojado dos bens que nelas tinham, tomaram a resolução de procurar outros sertões em que continuassem os seus descobrimentos e chegando até o sítio chamado Pitangui ou Pará, começaram a descobrir ouro e, continuando nesta diligência, a que os obrigava a sua necessidade, acharam cada vez mais bem logrado o seu trabalho com a abundância de ouro que foram descobrindo e, receosos de que com a entrada de reinóis experimentassem o mesmo dano que receberam nas primeiras, publicaram que não haviam de consentir nela os ditos reinóis; porém, depois da minha chegada a esta cidade, me assegurando os homens principais dela que eles se acomodariam com o que eu resolvesse neste particular e reconhecendo que a verdadeira segurança destes governos, compostos de paulistas e reinóis, é a reunião de uns e outros, a qual se não pode fazer senão associando-os e, nesta sociedade, administrar-lhes a justiça, determino procurar quanto me for possível acomodá-los para que se utilizem todos e vivam com sossego”.

Outra carta do mesmo governador em 6 de fevereiro de 1715 menciona Pitangui:

“Representando-me segunda vez os paulistas a necessidade que tinham de que o arraial de Pitangui fosse erigido em vila, não só para o bom regime daqueles moradores (…) parece conveniente que eu vá fazer a dita ereção.”

Comentários
  • Vanda 704 dias atrás

    Eu não conhecia o Velho da Taipa. Bom demais saber dessas histórias! Obrigada.

  • Dimas Lamounier 704 dias atrás

    Aprendi muito com o texto. Lembro-me, menino, da estação Velho da Taipa, quando ia de Dores do Indaiá para BH.

  • Sebastião Verly 705 dias atrás

    Quem escreveu este artigo não tem a menor noção de quem foi o Velho da Taipa Nunca deve ter passado pela estrada que passa pelo Velho da Taipa Eu sou uma das poucas pessoas (talvez a única viva) que passou de ônibus pelo Velho da Taipa. É um desrespeito dar informações incerta aos leitores

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