Maria Tarcila Lemes
Eu quero uma estrela
uma estrela igual a
do presépio da casa velha:
de areia branca, lodo e bambuzinho.
Ah, eu quero uma estrela
que me leve a uma menina
de cabelos longos, bonitos,
trançados ou anelados.
Quero aquela estrela
que marcou a chegada de boneca de louça
sombrinha e sapatos pretos – de verniz.
A lembrança de trenzinho de pau,
carrinho com campainhas
e cobertores
apesar do calor.
Andávamos a noite toda,
dois irmãos mais velhos e eu.
De manhã levantávamos uma colcha de renda
branca estampada com anjos nus e
forrada com lençol de cetim azul céu.
Cada um pegava o seu presente, sem erro
porque menina era só eu.
Achava tudo pelo tato, ou pelo barulho.
Só não achei mais, nunca mais,
a estrela brilhante, de papelão e brocal
pra me ninar em forma de canção.
Com ela eu seria amada, bonita
e brilhante
mesmo quando triste.
Seria radiante porque
afinal
eu teria
o brilho de uma estrela
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