Segundo informa a agência France Press trinta e seis anos após o assassinato do cantor e folclorista chileno Victor Jara, que junto com Violeta Parra se tornou emblema da música de esquerda latino americana, um juiz chileno ordenou na terça feira dia 26 de maio a prisão do criminoso. A execução ocorreu dias após o Golpe de Estado que instaurou a ditadura de Augusto Pinochet em 1973.
O juiz ordenou a prisão do ex-soldado José Adolfo Paredes Márquez, atualmente de 54 anos, que foi quem fuzilou Jara por ordens de superiores do Exército chileno. Segundo declarou o juiz Eduardo Fontes a jornalistas “Paredes quedó recluido en la Cárcel de Alta Seguridad en calidad de autor material del crimen de Víctor Jara”.
O preso se declarou inocente na saída do tribunal, antes de ser transferido para a prisão. O juiz não esclareceu sobre os autores intelectuais do crime contra o artista.
No ano passado a justiça chilena concluiu a investigação sem identificar os que ordenaram a execução de Jara, e identificando somente um militar que foi o responsável pelo recinto esportivo aonde ele permaneceu preso.
A investigação foi aberta há duas semanas e a prisão de Márquez foi a primeira conseqüência, mas espera-se que os seus superiores também tenham o mesmo destino nos próximos dias.
O cantor morreu em 16 de setembro de 1973 em um ginásio coberto no centro de Santiago, que hoje leva seu nome, e aonde permaneceu detido junto com outros cinco mil prisioneiros políticos.
Segundo a investigação judicial, neste lugar Jara foi brutalmente espancado e torturado e suas mãos, que simbolizavam sua música foram esmagadas com golpes de coronha de fuzis, o que as deixou reduzidas a uma grande ferida.
O cantor se fez conhecido em toda a América Latina por suas canções de forte conteúdo social, como “ Te Recuerdo Amanda” e “El derecho de vivir em paz”, que podem ser ouvidas clicando nos endereços eletrônicos abaixo. Jara é uma das mais de 3.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos, que deixou a ditadura de Pinochet (1973-1990). A título de lembrança a ditadura brasileira é acusada de ter assassinado ou desaparecido com 427 militantes de oposição segundo informações da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
Te recuerdo Amanda
El derecho de vivir en paz
Comentários
É impressionante a desenvoltura com que os assassinos que depuseram Salvador Allende cometeram impunemente tantas
atrocidades. São monstros que merecem, no mínimo,
prisão perpétua.
Mataram o poeta mas suas obras nunca morreram.
O Victor faz parte daqueles que vieram na terra só de passagem
e seguiu para outra dimensão.
Mota, São Paulo, Brasil
Parece que no Chile, em que pese às apariências, os abusos das autoridades e a falta de liberdades estão muito presentes. Tenho notícias de que há perseguições e prisões políticas de opositores ideológicos ao atual regime pseudo-democrático da B… . É lamentável constatar que, na verdade, nada ou pouco mudou e que a morte de S. A.Victor Jara junto com mais de 3000 vítimas de P… , foram em vão.
A iniciativa de resgatar e registrar a memória de acontecimentos e lutas sociais e populares é muito importante neste tempo que “querem transformar nossa história em poeira”. Apagar a memória!Como se a vida seguisse sem rumo, numa estrada sem eira e sem beira…