Passeio de ontem

Publicado por Antonio Carlos Santini 12 de junho de 2025
Coreto

Coreto

ONTEM, eu acordei com a buzina estridente do LEITEIRO, que passava com a carrocinha puxada pelo burro Xibante. Ouvi ao fundo a música do FERREIRO, martelando sua bigorna e soprando o fole.

Depois do café moído no moinho Mimoso, pregado no portal da cozinha, fui à venda do Seu Gabriel, onde o Juquinha ENGRAXATE já estava com sua caixinha de madeira.

A porta da farmácia, onde comprei um vidro de Biotônico Fontoura, parei para ouvir o REALEJO do Nhonhô, que tocava uma valsinha antiga. Lá dentro, Seu Neco, o BOTICÁRIO, prensava umas cápsulas de óleo de eucalipto.

Logo adiante, Seu João, o SAPATEIRO, gritou meu nome para avisar que já tinha feito a meia-sola na minha botina ringideira. Senti o cheiro forte do couro curtido e ouvi suas batidas no tripé de ferro.

De repente, ouvi o tropel de alguns garrotes, tangidos pelo BOIADEIRO do Coronel Janjão. Subi dois degraus do coreto e me protegi, antes que surgisse também, gemendo sua triste cantiga, o carro de bois do Honorato, velho CARREIRO lá do alto da serra.

Perto da Cooperativa, fui cumprimentado pelo TROPEIRO Manezinho, que chegava com seus burros de leite.
De tardinha, passei na charutaria para comprar fósforos. A noite ia chegando e o ACENDEDOR DE LAMPIÕES já começava o seu trabalho. Voltei rápido para casa a tempo de ouvir o Reporter Esso.

Graças a Deus, ainda não existia a Inteligência Artificial…

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