Esse meu fado

Publicado por Wesley Pioest 16 de agosto de 2019

Esse meu fado

No quarto crescente desta madrugada
um anjo empilha versos invisíveis
ao lado da minha cama
enquanto durmo, assim imagino.
Não alcei altos voos
mas entrego os meus poemas
como uma dádiva, acredito.
Dos versos invisíveis extraio
a minha gramática
está escrito.

Na ribanceira minguante deste outono
o anjo assopra poema em meu ouvido
mas eu logo o perco
quando acordo, assim imagino.
Não entreguei a alma
mas me dobrei ao sentido
das palavras, acredito.
O que me diz o vento eu repito
em alheio ouvido
está escrito.

Sigo adiante quando não há mais nada
e me pergunto se é anjo ou espírito
esse cão sem dono
a uivar na madrugada.
Não sei o que é isso
mas escuto a sua voz
me indicando caminhos.
Vim de lugar que não sei
nem para onde vou
pois ando em círculos.

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