Formação da alma pompeana
Pompéu é uma cidade da Região Centro-Oeste de Minas Gerais, possui uma área de 2.550 quilômetros quadrados, como gostava de comparar meu primo Tunico do Xisto, um décimo da área total do Estado de Israel antes da Guerra dos Seis Dias em junho de 1967. Sua população no ano de 2010 era de 29.105 habitantes. Quem nasce ou reside na cidade de Pompéu é chamado de pompeano.
Desde sua origem Pompéu faz parte da História do Brasil. E o povo de lá sente e expressa um tremendo orgulho de sua origem e de sua história.
Pompéu começou com a matriarca mais famosa do Brasil: Joaquina Bernarda da Silva Abreu Castelo Branco Souto Maior de Oliveira Campos que aqui viveu de 1752 a 1824. Conhecidíssima por Joaquina do Pompeu, já rendeu várias teses universitárias. O folclore arrola as mais variadas façanhas, desde as muito boas até as que a gente guarda em segredo. Dona Joaquina solidificou seu nome após fazer doações de mantimentos para abastecer a corte faustosa e gulosa aportada de Portugal em 1808. Estas doações foram bem recebidas por El Rey Dom João VI o que ajudou em sua imagem comercial, firmando assim praça no Rio de Janeiro para a venda do gado e outros mantimentos provindos do Pompéu. Há uma história que deu de presente a Dom Pedro I, recém coroado, um cacho de bananas de ouro maciço para reforçar as finanças imperiais. Conta-se que seus filhos por ocasião da Guerra do Paraguai libertaram 50 escravos para serem incorporados ao incipiente Exército Brasileiro.
Os números de sua vida são exuberantes: a maior fazenda de todos os tempos: com 1 milhão de alqueires de terra, um pequeno império que ia de Pará de Minas a Pitangui e Papagaios; de Pompéu, incluindo Abaeté, Quartel Geral, Dores do Indaiá, até Paracatu, 45 mil cabeças de bois, 2,4 mil juntas de bois carreiros e 10 mil cavalos, além de centenas de escravos. Teve 10 filhos, 87 netos, 333 bisnetos, 1108 trinetos, quase 100 mil descendentes registrados em livro próprio.
Segundo Dom Bertrand de Orleans e Bragança, herdeiro do trono extinto em 1889, Dona Joaquina tem o maior registro genealógico do Brasil.
“Pompéu foi o primeiro núcleo organizado da civilização agrária das Gerais, de onde partiam tropas carregando gêneros alimentícios para diversas localidades de Minas. Principalmente em Vila Rica d’Ouro Preto, onde mandava boiada para vender carne a baixo preço”, cita Agripa de Vasconcelos, autor de “Sinhá Brava”, um entre muitos romances feitos sobre a matriarca.
Quem for a Pompéu deve visitar o Centro Cultural Dona Joaquina do Pompéu, no Bairro São José, a um quilômetro do Centro. Casarão colonial com dois pavimentos abriga o Museu da Cidade, anfiteatro e área administrativa, guardando objetos que pertenceram à “Dama do Sertão”, como oratórios, bengala com cabo de bronze, espadas dos descendentes e outras pequenas relíquias.
Os descendentes de Dona Joaquina cultivaram suas raízes em Pompéu e sempre ostentaram o orgulho de sua origem. Mas o tempo foi passando e Pompeu foi mudando. Os cascos dos cavalos garbosos e o mugido dos portentosos bois carreiros cederam lugar aos pneus das Hilux e ao ronco dos tratores. As pastagens em grande parte foram substituídas por pelo menos 20.000 hectares de cana de açúcar, e outras dezenas de milhares por eucaliptos, mas ainda produz laticínios artesanais e quitandas de altíssimo padrão, verdadeiras iguarias.
Gente de fora foi chegando, filhos das famílias nativas foram saindo. A miscigenação foi intensa com gente vinda do Nordeste em “paus de arara”, que desembarcavam no Pé de Cedro que já não existe mais, de várias outras partes do Brasil e até alguns estrangeiros, principalmente sírio-libaneses como Messias Jacob, Ibrahim Halabi, João Nassif, o Janjão, Salim Rachid, Naim Mattar e outros.
O fato é que nessa amalgama de origens criaram famílias locais que consideram Pompéu a melhor cidade do Brasil. Houve uma época em que os jornais publicaram que as terras rurais do município, banhadas pelos rios São Francisco, Pará, Paraopeba, Rio de Peixe e Pardo representavam o hectare de mais alto valor comercial do Brasil. Contribui para isso, além da água abundante, o relevo suave, favorável para retenção dos fertilizantes, dizem os entendidos.
Os pompeanos se destacam por todo lado no Brasil e no mundo. Gente que nasceu por aqui e pôs a perna no caminho, conta nas redes sociais o orgulho que tem de ser filho de terra tão abundante, por isso sempre se encontram e sempre voltam, principalmente no Carnaval, tradicionalmente um dos melhores do Estado, segundo os frequentadores devido à beleza da mulher pompeana.
Pelo nobre sentimento de pertencer à família pompeana, mais ainda se for descendente da Dona Joaquina, proponho que todo mundo junte nomes de pessoas que, ao longo da história contribuíram para a formação da ALMA POMPEANA. Tenho anotados mais de mil nomes de gente que ali viveu, nasceu e gosta da terra, vamos continuar aqui com tão emocionante temática.
Envie para meu e-mail [email protected] nomes de gente que faz parte desta bela história.
Comentários
Muito bom! Parabéns!
Você falou sobre o Pé de Cedro que já não existe mais.
Quem plantou o mesmo foi meu bisavô no dia 1 de Janeiro de 1900 comemorando a entrada do século. Meu tio José Torquato (Vêu) escreveu um livro “Versos do Reino Encantado” cuja a capa é uma foto do velho Cedro e sua primeira poesia ´tem o título Meu “Pé de Cedro”. Se houver interesse posso enviar-lhe a poesia.