A cigana que me leu a mão
não adivinhou que barragens
se romperiam
que ao fundo
na paisagem ferruginosa
existiria o que seria previsível
o que seria incúria
Não previu a cigana
a loucura
o agouro
o calvário
a insensatez e o precário
que emergiriam na coroa
do micróbio sicário
que dissolveria o futuro
Anteviu coisas que poderiam
ter acontecido
outras que descobri
no entorno do solstício
A cigana, é fato
antecipou o que ora constato
seu pulso, o ritmo das artérias
do tato a insensatez de perseguir recessos
os pequenos suicídios da visão ao cerrar as pálpebras
ante o brilho da beleza que se desvela
Não quero da cigana outra coisa
que se aprimorar na arte de antever o factível
desvendando nos estios outonais
rios subterrâneos de magmas
que aflorarão à superfície em meio à bruma invernal
na erupção de um Vesúvio subequatorial
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