Lixo: problema ou solução?

Publicado por Christian Vitorino 10 de setembro de 2015

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Espero que este seja o primeiro de vários artigos, comentários e opiniões que pretendo colocar neste site sobre este assunto. Inclusive penso até em desenvolver um novo mestrado ou mesmo um doutorado dentro desta perspectiva. Aceito sugestões.

Estou à frente hoje de um projeto sobre uso de biomassa e resíduos florestais para geração de energia e isso me despertou o interesse em aprofundar sobre o assunto Lixo/Resíduo/Biomassa para geração de energia.

O Brasil hoje sofre com a questão energética. A demanda não é suprida pela atual estrutura de geração, transmissão e distribuição. A deficiência na gestão das bacias hidrográficas, aliada às secas seguidas está impactando diretamente a produtividade das hidroelétricas, responsáveis por mais de 70% de nossa matriz. Apesar de ainda termos a energia hidráulica na frente, tem-se notado uma evolução no Brasil para a diversificação da matriz, surgindo grandes empreendimentos no setor de energias renováveis, como eólica e solar, o que muda o cenário da produção energética.

Assim, algumas iniciativas têm sido bastante oportunas para que sejam desenvolvidas novas possibilidades de geração de energia, e uma delas vem do lixo. Não somente o lixo, mas resíduos em geral.

Nas minhas pesquisas, sobre soluções e novas tecnologias, tenho visto um horizonte bastante promissor. Temos lixo em abundância, porém ainda poucas iniciativas, seja do empresariado ou mesmo dos gestores públicos.

Tecnologias não faltam, mas ainda são caras e operacionalmente complexas. No entanto, é possível desenvolver, por exemplo, Parcerias Público Privadas, PPPs, no intuito de viabilizar empreendimentos de geração de energia a partir de resíduos, lixo e biomassa.

Posso aqui divagar sobre diversas outras possibilidades, tanto em tecnologias e métodos, quanto em articulações governamentais. Mas a pergunta é: por que isso ainda é pouco usado? Por que os gestores públicos e o empresariado ainda têm tanta dificuldade em buscar este caminho para reduzir os passivos sócio ambientais causados pelo lixo em suas cidades, em suas indústrias?

Temos muitas indústrias geradoras de resíduos, temos obrigações legais para destinação final, como logística reversa para diversos setores, temos aterros, lixões, florestas. E temos ainda demanda urgente para energia. Temos linhas de incentivos fiscais, tecnologia, abundante pesquisa na área, temos grandes empresas e grupos focados no tema, mas ainda não temos bons empreendimentos neste sentido e nem atenção suficiente do setor público.

Ontem, dia 09/09/2015, saiu uma reportagem no jornal Folha de São Paulo exatamente sobre a quantidade dos lixões que ainda temos no Brasil, mesmo tendo uma lei que exige o fim dos lixões. Isso mostra justamente a falta de compromisso de grande parte dos gestores neste tema, simplesmente desconhecendo as exigências legais. Creio que este assunto possa ser discutido dentro de um contexto legal, dentro da política de gestão de resíduos no Brasil e, portanto, em nível governamental.

Colocar um reator de pirólise ou um biodigestor na “boca” do lixo, por exemplo, ou qualquer outra solução de tratamento de resíduos para geração de energia, pode ser a solução para a otimização de aterros, aumentando sua longevidade, bem como contribuindo para solucionar os problemas de energia que o país enfrenta. Em complementação, ainda podemos considerar uma redução dos impactos ambientais e sociais oriundos da disposição excessiva de resíduos.

Fato é que enxergo uma grande oportunidade para um país que aumentou consideravelmente seu consumo e, portanto, a quantidade de resíduos que exige uma destinação eficiente. O que você rejeita pode ser a solução para o que o país precisa.

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