Para um homem faminto não existe a forma humana do alimento, mas apenas seu caráter abstrato como alimento. Poderia também existir apenas na forma mais rudimentar, e é impossível dizer de que maneira esta atividade de alimentar-se diferiria da dos animais. O homem necessitado, cheio de preocupações, não pode admirar nem o mais belo dos espetáculos.
Pressupomos o trabalho em uma forma que o caracteriza como exclusivamente humano. Uma aranha leva a cabo operações que lembram as de um tecelão, e uma abelha, na construção de suas colméias, deixa envergonhados muitos arquitetos. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor das abelhas é que o arquiteto ergue a construção em sua mente antes de a erguer na realidade. Na extremidade de todo processo de trabalho, chegamos a um processo já existente na imaginação do trabalhador antes de começá-lo.
Além do esforço de seus órgãos corporais, o processo exige que, durante toda a operação, a vontade do trabalhador permaneça em consonância com sua finalidade. Isso significa cuidadosa atenção. Quanto menos ele se sentir atraído pela natureza do seu trabalho e pela maneira como é executado tanto maior atenção é obrigado a prestar, ou seja maior será o desgaste de suas capacidades físicas e mentais.
Nos ofícios manuais e na manufatura o trabalhador utiliza-se de uma ferramenta. Na fábrica a máquina utiliza-se dele. Lá os movimentos do instrumento de trabalho procediam dele, aqui é o movimento das máquinas que ele tem que acompanhar. Na manufatura, os trabalhadores se tornam meros apêndices de um mecanismo vivo, independente deles.
Na produção em série, todos os processos para aumentar a produtividade social do trabalho são empregados à custa do trabalhador individual. Todos os meios para o desenvolvimento da produção transformam-se em meios de dominação e exploração dos produtores, mutilando o trabalhador, reduzindo-o a um fragmento de homem, rebaixando o ao nível de apêndice de uma máquina.
Estas técnicas de gerência destroem todo resquício de atrativo do trabalho para ele e convertem-no numa ferramenta entediada, afastando o das potencialidades intelectuais do processo de trabalho, na mesma proporção em que a ciência é neste incorporada como um poder independente dele.
A produção capitalista não produz apenas o homem como mercadoria, o homem-mercadoria, o homem no papel de utilidade. Ela o produz em harmonia com este papel, como um ser espiritual e fisicamente desumanizado, gerando a desmoralização, a deformação e o embrutecimento dos trabalhadores e dos capitalistas. Seu produto final é a mercadoria com consciência e atividades próprias….. a mercadoria humana!
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