Indizível

Publicado por Editor 4 de abril de 2012

Uma vez tive um sonho

E se tive tal ousadia

Foi apenas por saber que ninguém

Espreitava-me no adiantado da hora


E neste sonho me vi indizível

Percebi-me em tal liberdade

Que jamais ocorreu à nossa sociedade

Desprendi-me da busca pela verdade

Olvidei as tentativas do impossível

E me curei das negras horas de torpor


Em meu sonho, meu poder era incomensurável

Entretanto por mais que realizasse

Não pude perceber

Nenhum nome que a mim chegasse


Percebi que assim anomeado

Estava mais livre que jamais fora

Pois me vi oposto

De tudo que sou em vida

De tudo que o homem com-preende


Se sou visível, nomeável, tributável

Aferível, plausível, sustentável.

Ao me descobrir indizível

Me fiz transparente


Pois o homem não compreende

O que não pode nomear

E a poesia, homem algum, jamais com–prenderá.

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