Uma vez tive um sonho
E se tive tal ousadia
Foi apenas por saber que ninguém
Espreitava-me no adiantado da hora
E neste sonho me vi indizível
Percebi-me em tal liberdade
Que jamais ocorreu à nossa sociedade
Desprendi-me da busca pela verdade
Olvidei as tentativas do impossível
E me curei das negras horas de torpor
Em meu sonho, meu poder era incomensurável
Entretanto por mais que realizasse
Não pude perceber
Nenhum nome que a mim chegasse
Percebi que assim anomeado
Estava mais livre que jamais fora
Pois me vi oposto
De tudo que sou em vida
De tudo que o homem com-preende
Se sou visível, nomeável, tributável
Aferível, plausível, sustentável.
Ao me descobrir indizível
Me fiz transparente
Pois o homem não compreende
O que não pode nomear
E a poesia, homem algum, jamais com–prenderá.