Carta recebida de José Afonso da Silva

Publicado por Editor 22 de dezembro de 2009

Recebemos do doutor José Afonso da Silva, mensagem atenciosa sobre a matéria de Sebastião Verly publicada neste portal na categoria “Pessoas Notáveis” sob o título “Zico do Nereu”, que é como ele é conhecido carinhosamente em Pompéu, sua cidade natal. Publicamos também uma foto da ocasião de sua formatura como bacharel em direito, em 1957, pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo. A foto foi cedida por uma prima de primeiro grau do Dr José Afonso, Dona Elza Afonso, residente em Pompéu.

leonel“Aos editores e leitores do portal metro

Li a matéria a meu respeito neste Portal. Agradeço ao autor, Sebastião Verly. Há duas coisas que eu queria observar:

1) está desenvolvendo uma história de que eu fui alfabetizado aos 15 anos de idade; isso surgiu de uma entrevista que dei à revisão Visão em 1963; ao repórter disse que tinha feito o primário até o terceiro ano com 15 anos de idade; ele parece ter entendido que eu disse que fui alfabetizado aos 15 anos; não teria nada demais nisso, há circunstâncias no interior do país em que isso era, e talvez, ainda seja freqüente. O autor, portanto, não tem responsabilidade nisso. É informação que sai com frequência. Mas, a bem da verdade, sempre procuro esclarecer que não foi assim, porque, na verdade, até fui alfabetizado bem criança, entre 6 e 7 anos de idade. Morávamos nos arredores de Buritizal, atual Silva Campos, distrito de Pompéu, numa região rural chamada Queima-Fogo e um primo do meu pai, deu para mim e meu irmão Hélio aulas de alfabetização e, quando ele se foi, minha tia Dita, foi para lá e prosseguiu nas aulas e, quando ela se foi, minha mãe juntou mais algumas crianças e deu aulas para nós, de sorte que, voltando para Buritizal, e matriculando-me no grupo escolar, já sabia ler, escrever e contar as quatro operações, por isso, entrando no primeiro ano, no mesmo mês as professoras me passaram para o segundo ano. E aqui aproveito outra deixa de matéria publicada neste portal, do mesmo autor, Sebastião Verly, a respeito do Tomaz de Oliveira Campos. Isso porque uma das professoras do grupo era a primeira mulher dele, Dona Olenita, a outra era irmã desta e, assim, cunhada do Tomaz; com a morte de D. Olenita, por volta de 1936, o Tomaz casou-se com a cunhada, D. Grijalva. Ambas foram minhas professoras no grupo de Buritizal. Tomaz gostava muito de mim, pois trabalhei para ele bastante tempo. Ele tinha uma loja de tecidos e armarinhos em Buritizal, ao lado da venda de meus pais. Mas, por volta de 1936 a 1938 ele passou a comprar creme de leite e remetia para uma fábrica de manteiga, creio que em Pitangui. A fábrica não era dele. Eu é quem buscava o creme nas fazendas, no início da safra montado em um burro com duas latas de 25 litros, uma de cada lado, depois com um carro com uma junta de bois com nove ou dez latas de 50 litros. Saia de Buritizal pelo leste, dava uma volta pelas fazendas colhendo creme e chegava pelo Oeste. Fiz isso durante três anos, a começar com a idade entre 11 a 12 anos, e o Tomaz me pagava o salário correspondente ao de um homem. Por isso gostei muito de ver estampada uma matéria sobre ele.

2) Outra questão é a do Chico Campos, que, como diz Verly, nasceu em Dores do Indaiá, mas seu pai, o Dr Jacinto Álvares da Silva Campos, que era juiz de direito, salvo engano, era pompeano, inclusive o mais antigo grupo escolar de Pompéu se chama Jacinto Campos. Portanto, nascer em Dores do Indaiá foi mera circunstância, porque basicamente ele era pompeano e deu mostra disso vivendo em Pompéu até morrer.

Atenciosamente.

José Afonso da Silva”

Comentários
  • Carpegiane 4138 dias atrás

    Show !

  • Maria Joana 4805 dias atrás

    Muito interessante!!

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