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Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 03/06/2022
Há nomes como pedra, rio, fruta que são os mesmos e fáceis em qualquer lugar quer num escondido recanto de Minas numa cidadezinha no leste russo ou num poeirento vilarejo nas planícies do kansas Mas há o nome que apenas se vê escrito em parede gotejante da caverna brotando em fundos de masmorras em que se devastou inconfidências misturado à ferrugem de algemas esquecido ao fundo de porões tatuagem inscrita no peito do...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 11/04/2022
Vamos lá, antes de mais nada palhaços sem serventia procurar rir de nós mesmos e de nossas trapalhadas absurdas Vamos rir de nossa incongruência de nossas convicções inconsequentes das filosofias de validade vencida dos riscos que não corremos De nossa falta de verve de como nos comportamos frente aos que nos desmascaram ante prêmios que recebemos De como pregamos evangelhos de seitas cujos dogmas desdenhamos de como n...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 02/03/2022
Quanta coisa pude aprender com você! Admirar o por do sol, Mirar por horas o céu em noites estreladas A linha, a curva do horizonte. Ensinou-me ainda A deliciar-me com aventuras – ou desventuras Destiladas em um romance As tessituras de uma sinfonia Bach – Beethoven – Mozart A poesia – Drummond Shakspeare – Byron E o cinema – Feline – Ford – Bergman Pintura – basta citar Van Gogh. Por pouco tempo permaneceu...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 27/01/2022
Como a corda de um violino Que ao máximo se estende e se rompe Pela última vez pronunciei o seu nome Pela última vez pronunciei o seu nome Como o barco que abandona o cais E não sabemos por que desígnios Não chegará ao destino jamais Não chegará ao destino jamais Como a primeira estrela da tarde Que brilha no vácuo do espaço O último brilho em seu olhar O último brilho em seu olhar Como tudo que foi dito E em surd...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 27/12/2021
Convido-o a passar o Natal comigo. Na praça dividiremos este pouco de tudo que me restou: um pão, garrafa de vinho barato, uma coroa de espinhos. Não nos esqueceremos de algo ofertar ao vira-lata que está a nos fitar. Sem mesa ou cadeira, no chão repartiremos a porção. Nesta praça erma descuidada, de luzes enfermas. Sem família sem risos ou cantigas eu e você conversaremos co...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 03/11/2021
Desconfio que em alguma madrugada Em meio à neblina Ela surgiu ⠀⠀ Talhada por um Aleijadinho Advindo de traz-as-serras Que em seu lapidar Desvela a alma das brutas coisas ⠀⠀ Logo ao amanhecer Em meu quintal Não uma rosa Ou margarida ⠀⠀⠀⠀ Uma flor de arquitetura angulosa Talhada com delicadeza Uma flor barroca Em inusitada assimetria ⠀⠀ Em meio a ervas daninhas Intrépida, à luz outonal A flor a cinzel fo...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 13/09/2021
⠀⠀⠀⠀⠀ Nada do que é meu Posso eu te dar Pois o que tenho A mim não pertence ⠀⠀⠀⠀⠀ Do que possuis Não me apossarei Pois o que tens A ti não pertence ⠀⠀⠀⠀⠀ Mas se algo resta Que supomos nosso Bem percebemos De nós se ausenta ⠀⠀⠀⠀⠀ O que nos sustém Ante o imenso vácuo Se ao alcance apenas Reflexos, miragens? — ⠀⠀⠀⠀⠀ O que tenho, desdenhas Já me destes a senha Pouco i...
Publicado por Antonio Ângelo
Data da publicação: 17/08/2021
Professor, eu agradeço dos remédios o acerto as meizinhas é bem certo me darão algum sossego ⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Ah! no ror de comprimidos não esquece as vitaminas que este corpo franzino cada vez mais se amofina ⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Calmantes, muito bem vindos que a noite é um sacrifício anda o sono desgarrado me deixando aperreado ⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀...