Poemas quase ineludíveis

Publicado por Antonio Ângelo 20 de dezembro de 2018

Poemas quase ineludíveis

I

Somente o seu nome
É que ouvira

Urdira

Somente o seu colo é que
Se conformara

Relance inesperado

Somente o estreito – incêndio
Sob o cenário do ventre

E adentro

II

Há de me atirar do alto
Do penhasco

Flechas direcionadas
Ao meu peito

Um revólver?
Pontiagudo punhal?

De me extinguir todos os jeitos
De engendrar há de

E eu, derrotado, ofegante
Talvez genuflexo, sem a mínima

Capacidade de perante ela
Mínima intenção de defesa

III

Ah, as promessas que de mim
Exige

Para sempre
Amá-la

Juntos sempre
Caminharmos

Não vê
O que se depara?

Somos unos enquanto
Sem aprumo

De braços dados
Caminharmos

No vão desejo
De sermos

Mais que sombras
Uma à outra ancorada

IV

Que me chamem de louco
Apenas descortino o mundo aos poucos

Que me chamem de ateu
Omisso ou filisteu

Que me cravem os punhos
Toldem-me os sonhos

Ou até mesmo à masmorra
Me destinem até que morra

Pouco a perder neste moto perpétuo
Que não me leva nem a céu nem a inferno

Comentários
  • wesley 1907 dias atrás

    Não há, amigo AA, como fugir do nosso destino. Eis a prova. No avesso do bordado é que está escrito o que somos (ou fomos).

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