Tatuagem: sinal ou mutilação?

Publicado por Antonio Carlos Santini 3 de janeiro de 2017

Tatuagem sinal ou mutilação

Amiga minha, profissional na área da psicologia, pede minha opinião a respeito do crescente número de pessoas tatuadas no Ocidente.

Parece que as pessoas não se lembram de que as tatuagens têm sua origem em grupos tribais primitivos, como traço de identidade dos clãs, e quase sempre eram associadas a ritos de cunho religioso, sem excluir um aspecto “mágico”. Não é raro que a iniciação religiosa inclua uma mutilação corporal, como na circuncisão judaica. Naturalmente, trata-se de uma realidade pré-cristã.

Na óptica cristã – no quadro da encarnação do Verbo de Deus – a partir do Batismo, o corpo humano passa por um processo que merece o nome de “sagração” ou “consagração”, a ponto de Paulo perguntar: “Não sabeis que sois um templo, e que o Espírito de Deus habita em vós? […] Pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós”. (1Cor 3,16-17.) E ainda: “Acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus? […] Glorificai a Deus em vosso corpo.” (1Cor 6,19-20.) Consideremos também que a Igreja presta homenagem ao corpo dos fiéis defuntos com o ritual das exéquias, exatamente por levar em conta esse aspecto do “sagrado”.

Alguns etólogos já observaram que em certas sociedades, como entre nativos da Nova Zelândia, o marido devia tatuar a esposa, como sinal de “posse”, sinalizando uma espécie de interdito para outros eventuais pretendentes. Seria demais, para nós, intuir que corpos com tatuagens assustadoras, de animais ou satânicas, indicariam também um traço de “possessão”?

Parece que os tempos atuais permitem identificar uma aproximação entre corpos tatuados e um estilo de vida estranho ou até adversário da mensagem cristã, como no caso de artistas do mundo do rock, das drogas, do hedonismo sem fronteiras. Considerando o aspecto “permanente” da maioria das tatuagens, creio que elas se incluem no gênero das mutilações do corpo humano, mais ou menos graves segundo a espécie: perfuração de orelhas, inserção de botoques nos lábios (varetas, plumas, contas coloridas…), remoção dos genitais femininos ou infibulação (como na Eritreia e Somália) etc.

Outro ângulo a ser considerado parece ligar-se ao comportamento narcisista, que leva à excessiva ocupação com o próprio corpo, em uma ampla escala que vai desde o simples esmalte para as unhas até o corpo “sarado” dos halterofilistas. Algum etólogo falaria em gestos que visam à atração sexual, pensando na plumagem coloridas dos machos entre as aves.

Minha amiga responde que, realmente, precisamos conhecer os fundamentos antropológicos das tatuagens para compreender os motivos psicológicos que levam uma pessoa a fazê-las. “Por detrás de motivos ingênuos ou estéticos – diz ela – pode esconder-se uma mensagem subliminar ou inconsciente de narcisismo, posse, protesto, revolta, vazios existenciais, busca de sentido, masoquismo, objetificação do corporal ou necessidade de autoafirmação.”

Para minha amiga, “seria preciso ver o contexto subjetivo, social e antropológico. Infelizmente muitas pessoas, por falta de autoconhecimento, desconhecem os verdadeiros propósitos que as levam a se tatuarem. É preocupante porque está banalizado, ate mesmo pela Igreja, um assunto que pode contribuir para a formação humana e ampliar a noção de construção do corpo no viés cristão”.

Enfim, creio que se deve registrar também o peso da “moda”. Os modismos influenciam fortemente as pessoas em formação, adolescentes, e os imaturos… Talvez por isso sejam tão numerosos os que se arrependeram das tatuagens que fizeram impensadamente.

Comentários
  • Betty 2661 dias atrás

    Uma coisa interessante de dizer, as pessoas que têm tatuagem são impedidas de doarem sangue, mesmo que sejam atletas bombados. Acreditam os especialistas que os pigmentos da tatuagem sejam altamente tóxicos.

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