Solidão

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 27 de março de 2019

Temos, entre outras, duas necessidades fundamentais. Gostamos de companhia, queremos ter alguém com quem compartilhar nossos sentimentos e pensamentos, nossas preocupações e alegrias. Alguém que se importe conosco, com quem possamos contar. Por outro lado dá prazer o sentimento de independência, de capacidade. Eu posso contar comigo mesmo, eu posso resolver problemas e dificuldades sozinho. Sou capaz de realizar algo por mim mesmo no mundo. Uma tarefa, criar algo, construir.

Sofremos quando nos sentimos muito isolados, sem ter com quem compartilhar, ou então quando nos sentimos incompetentes, sem conseguir realizar as tarefas que queremos ou que precisamos realizar.

Há algo em comum quando nos sentimos muito íntimos com alguém ou quando conseguimos realizar sozinhos uma tarefa ou atividade de que gostamos. Nestes dois momentos estamos em relação, saímos do isolamento, não estamos sozinhos. Numa situação estamos em relação com outro ser humano, na outra estamos em relação com o mundo que nos cerca. Solidão é não conseguir sair de si, seja por não conseguir sentir-se íntimo com outro ser humano, seja por não conseguir sentir-se capaz e alegre dentro do mundo e suas tarefas e atividades.

Posso estar rodeado de pessoas, pessoas que gostem de mim, e me sentir só. Não consigo confiar, me abrir. Não consigo sorrir do fundo do coração nem olhar direto nos olhos de outra pessoa. Um muro invisível de medo me separa de todos.

Posso ser alguém muito competente, com capacidades fora do comum e que realiza tarefas significativas com freqüência. Mas pode ser que nada disso me traga alegria. Meu coração está fechado, o meu íntimo não se derrama, não se envolve com aquilo que eu faço. Estou isolado.

Posso estar com alguém que mal me conhece, ouvi-lo, ajudá-lo, sentir amor por ele. Eu nada disse sobre minha vida pessoal, no entanto posso me sentir em relação. Não estou só. Há alegria de um encontro, mesmo que a relação pareça unilateral.

Posso estar realizando uma tarefa monótona, cansativa, algo que talvez até preferisse não estar fazendo. Mas eu decido estar presente. Realizo-a com atenção, tentando fazer o melhor possível. O coração se abre, fico feliz. Estou em relação! Expresso meu ser mesmo nessa tarefa simples.

Há luz e vida a nosso redor. Sentir-se isolado, solitário acontece quando nos fechamos. É uma escolha inconsciente. Podemos abrir, fluir, entrar em relação….

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