Amor e Desejo

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 8 de abril de 2019

O que chamo aqui de desejo, nas relações humanas, é o prazer que eu vivencio quando a pessoa com quem me relaciono faz, expressa ou é aquilo que me agrada. Desejo então alguém porque é atencioso comigo; aconselha-me quando eu preciso; passeia comigo quando eu quero; elogia-me; compreende minhas dificuldades; proporciona-me prazer sexual. Quando duas pessoas convivem e a maior parte do tempo uma é capaz de satisfazer os desejos da outra a relação é duradoura e gera alegria em ambas. Quando um (ou ambos) não corresponde mais aos desejos do outro a relação passa a ser frustrante, e pode gerar tristeza, raiva, ódio.

O desejo tem em si sementes de dor. Medo. E se outro não me quiser mais? O desejo pede reciprocidade. Querer e ser querido. Desejar e ser desejado. É uma troca que gera alegria e uma frustração que produz sofrimento.

Amor, gota de luz dentro de nós. Momento profundo quando o coração transborda de graça, pela alegria de transbordar. O amor não se frustra. O amor é plenitude, união, alegria de dar-se. Alimenta aquele que o irradia e pode nutrir aquele que o recebe.

Para o amor emergir a mão que agarra, possui, precisa, abrir-se, relaxar. Para que tanta avidez? Será que meu alimento está sempre do lado de fora? Será que são os outros que vão me fazer feliz?

Não é fácil viver na alegria de amar. Perdemos o fôlego em águas tão profundas. A criança carente em nós logo se agita. Acalmar-se não é popular. Tudo se agita ao nosso redor.

O desejo é uma face básica daquilo que somos. Ocupa a maior parte da vida interior da maioria de nós. Mas que fragilidade, depender apenas daquilo que vem através das pessoas…

Conhecer a liberdade de amar nos torna seres humanos mais íntegros, mais completos, mais adultos. Viver isto, nem que seja de vez em quando, nos traz a certeza de um outro mundo, outro modo de ser.

Certeza de uma autonomia afetiva possível, latente em nós, mas que pode, a qualquer momento, derramar-se sobre o mundo, deixando em nós o gosto doce de uma alegria especial, livre e profunda.

Comentários
  • Cezarina da Silva Almeida /Ribeirão das Neves – MG 5268 dias atrás

    Prezado Carlos
    Como sempre você é preciso em seus artigos, gostei muito, mas gostaria de saber um pouco mais sobre pessoas que têm dificuldades de se relacionar, e muitas das vezes ficam vivendo um amor platônico,e, obsecadas por esse amor, quando percebem ou acham que foram traidas, ou porque alguem foi na frente e conquistou o seu grande amor, passam a ter ódio do outro, acreditando que foi roubado. Como agir com essas pessoas?
    Um grande abraço.

  • Sergio -Cascavel-PR 5269 dias atrás

    Prezado Carlos

    Muito obrigado por palavras de sabedoria.
    Pela graça que recebi de Deus, vivo as duas realidades, desejo e amor, de uma forma plena.
    “Amor, gota de luz dentro de nós. Momento profundo quando o coração transborda de graça, pela alegria de transbordar. O amor não se frustra. O amor é plenitude, união, alegria de dar-se. Alimenta aquele que o irradia e pode nutrir aquele que o recebe”. Você foi muito feliz nesse conceito.
    Grande abraço.
    Sergio

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