Caim e a Coronavac

Publicado por Antonio Carlos Santini 1 de fevereiro de 2021

Caim e a Coronavac

Outro dia, postei uma pergunta provocativa no Facebook: – “Sou livre para recusar a vacina? Sou livre para contaminar meu próximo?” Dezenas de comentários! Alguns se identificaram com o Abel (não o do Inter, mas o do Gênesis) e disseram: “Isso mesmo!” Outros filosofaram: “Falácia!”

Houve comentários ponderados: “Minha liberdade de escolha termina exatamente onde começa a do meu próximo, gosto muito da vida, linda, que Deus me deu, logo imagino que ele também!” Outro amigo se lembrou das cartas paulinas: “Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. A imbecilidade é um direito civil inabalável”.

Em apenas dois dias, vi que havia dois grupos bem definidos: os que absolutizavam a liberdade individual em prejuízo do bem comum, e os que valorizavam o bem comum, mesmo aceitando sacrifícios pessoais.

No primeiro grupo, alguns extremismos: “Sim, sou. Sou livre para amar, para odiar, para ser ativo ou sedentário, etc… E sou responsável pelas consequências e desdobramentos de meus atos. E espero que continue assim”.

No grupo mais sensato, lembraram o exemplo de Francisco:

– “Como disse Papa Francisco: é um dever moral tomar a vacina.”

– “Em entrevista, Papa Francisco afirma que vai se vacinar contra a covid-19.”

– “Não, pelo meu bem e o do próximo vacina é primordial!”

Algumas respostas eram claramente negacionistas, nas pegadas da antipropaganda do governo federal:

– “Somos livres para escolhermos tomar, ou não, ivermectina, azitromicina, vacina! A ditadura da vacina não resolverá o problema.”

– “Se a vacina fosse de verdade, ainda assim, esta pergunta é totalmente descabida… Por amor à sua vida, não caia nesta palhaçada… Uma vacina que seja verdadeira tem que ter pelo menos 4 anos de elaboração. Estude a realidade, não seja massa de manobra.”

– “Confinamento continua não servindo para nada, só para quebrar o comércio.”

– “Eu, meu irmão especial, minha mãe de 88 anos, meu pai de 86 anos pegamos Covid. Todos, graças a Deus, estão muito bem de saúde. A medicação: zinco, azitromicina, cloroquina.”

Logo veio a réplica, em tom de tragédia: “Tenho um primo que pensa ou pensava igual a você. Infelizmente. está internado e entubado”. E a nota triste: “A garota ‘liberada’, toda livre, foi à balada. Na volta, contaminou pai, mãe. avô e avó. Morreram os quatro. A garota sobreviveu. Vai usar sua liberdade para quê?” E ainda: “Deus nos cuide e guarde, pois é uma verdadeira roleta russa. Uma amiga minha pegou e passou pro seu filho de 33 anos, atleta, segurança de banco, ela ficou e ele morreu. Ela não se conforma, é muito triste. Ele cheio de saúde, e ela não…”

Alguns comentários refletem as velhas teorias da conspiração, garantindo que a vacina foi “criada para causar terror. Na guerra, agora, os soldados não precisam lutar com armas de fogo, porque nós somos os soldados. Guerra do vírus…guerra cibernética…E por aí vai!”

Um ex-aluno entrou na roda e escreveu: “Penso que o senhor é livre para escolher, mestre. A decisão deveria ser pessoal, não obrigada por terceiros. A decisão deveria ser de acordo com o que nos trará a paz na consciência”.

Enfim, parece que muita gente não orienta suas escolhas para o BEM COMUM, quando meus interesses e preferências – inclusive a liberdade extremada – cedem espaço ao próximo, à comunidade, à Humanidade…

Dias depois, fiz outra postagem em forma de diálogo:

– Caim, você quer a vacina?

– Por acaso sou guarda de meu irmão?

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