A outra face da Renovação

Publicado por Antonio Carlos Santini 6 de novembro de 2017
a outra face da renovação

a outra face da renovação

Comunidade Emmanuel em Rwanda (Foto: Emmanuel)

Mais conhecida e discutida pelos seus grupos de oração, a Renovação Carismática Católica é também o ponto de partida para numerosas comunidades novas e equipes pastorais comprometidas com as diaconias e a evangelização.

Quem fez contato com a Renovação Carismática Católica apenas através de seus grupos de oração, pode ter uma visão parcial desse movimento, sem levar em conta que esses mesmos grupos foram o ponto de partida, no Brasil e em outros países, para o nascimento de numerosas Comunidade Novas, dedicadas às mais variadas diaconias, ligadas às obras de caridade materiais e espirituais.

É comum que a participação nos grupos de oração e o despertar para a Palavra de Deus agreguem seus participantes em um serviço concreto à Igreja e à sociedade. A maioria das casas de recuperação para dependentes do álcool e de outras drogas, surgidas em meio eclesial, têm esta origem.

Aliança de Misericórdia

Um exemplo dessa atitude de serviço pode ser encontrado na Comunidade Aliança de Misericórdia, com sede em São Paulo, www.misericordia.com.br. Em várias cidades do Brasil, a Comunidade mantém centros socioeducativos para famílias, adolescentes e crianças, com grupos de apoio, oficinas, cursos profissionalizantes com base na geração de renda. Um de seus programas, o SASF, atende a 1.000 famílias. Um centro para juventude, em Taipas, SP, oferece a 145 jovens oficinas no contraturno escolar, com temas como educação para saúde, cidadania, meio-ambiente, cultura e profissionalização. O leque de atividades da Aliança de Misericórdia inclui creches, casas de repouso para idosos e atendimento à população de rua.
Também são numerosas as associações nascidas em grupos de oração que assumiram a missão de evangelizar através de rádios comunitárias – como em São José do Vale do Rio Preto, RJ – e ocupando espaço em outras mídias. Vale lembrar que das quatro principais redes de TV católicas do Brasil, duas delas – a Canção Nova e a Século 21 – foram criadas por grupos ligados à Renovação Carismática.

Comunidade do Emmanuel

Em nível mundial, deve-se destacar a Comunidade do Emmanuel, fundada em 1972. Reconhecida pela Santa Sé, ela reúne leigos casados, celibatários, consagrados e sacerdotes. Conta hoje com 11.500 membros em 67 países dos 5 continentes, sendo 265 padres e 200 consagrados. Tem 90 seminaristas em formação e coordena 75 missões paroquiais. Mantém 1.000 membros em missão em Rwanda, África, e 1.200 voluntários com a FIDESCO.

A FIDESCO é uma ONG que foi criada no ano de 1981, pela Comunidade do Emmanuel, como resposta a uma solicitação de bispos durante o Sínodo da Família em Roma. Ela é membro do Cor Unum – Pontifício Conselho para a Solidariedade da Santa Sé. Sua proposta é enviar missionários católicos para que, em colaboração com parceiros locais, trabalhem a serviço das populações desfavorecidas mediante o testemunho de sua fé e o trabalho voluntário, onde colocam suas competências profissionais a serviço do bem comum.

Renovação e paróquia

Desde o ano de 2003, a paróquia Nossa Senhora dos Alagados e São João Paulo II foi confiada a um sacerdote da Comunidade Emmanuel pelo Arcebispo de Salvador, na Bahia. Ela está localizada no Uruguai, bairro pobre da cidade Baixa de Salvador, marcado pela falta de infraestrutura urbana e pelo excesso de violência.

Sempre que uma paróquia é confiada a Comunidade Emmanuel, se for possível, a comunidade cuida para que vários padres possam assumir esta missão, porque é importante que os padres da Comunidade que possam viver uma vida fraterna. Além dos padres, os leigos da Comunidade colaboram nesta missão, segundo o carisma da comunidade.

Segundo o site do Emmanuel, quando um bispo confia uma paróquia à Comunidade é porque deseja que a Comunidade assuma esta missão nas graças que lhes são próprias: uma liturgia alegre, digna e evangelizadora, uma forte comunhão entre sacerdotes e leigos para conduzirem juntos a missão e o enraizamento na adoração, obras de compaixão e de evangelização.

Nascidos da oração

Mesmo fora das Comunidades Novas, é comum que os membros de grupos de oração formem equipes que visitam os hospitais e os presídios, formem grupos de aconselhamento e atendimento individual, serviços de atendimento telefônico para pessoas em crise e redes de intercessores, além de fornecer leigos evangelizados para as pastorais paroquiais, animando os cursos de preparação para a Crisma e o Batismo.

No Brasil, a RCC mantém um Ministério Fé e Política, atualmente coordenado por Sergio Carlos Zavaris. Trata-se de um serviço para a evangelização da política, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo. Seu objetivo não é formar partidos políticos ou realizar campanhas eleitorais, mas conscientizar os cristãos a utilizarem o voto de modo justo, e apoiarem os candidatos conforme a consciência de cada um. A Renovação Carismática também apoia e incentiva a participação na política daqueles que sentem chamados a este serviço. Desde os anos 80, foram eleitos deputados lançados por grupos ligados à Renovação.

De qualquer modo, nota-se uma grande diferença entre os grupos carismáticos, conforme o pastoreio que eles recebem. Onde existe uma liderança presente, afinada com as diretrizes da Igreja, os frutos são positivos. Ali onde os grupos se isolam – por vontade própria ou forçados pela oposição de membros do clero – tendem a formar uma ala a parte e seus carismas acabam infrutuosos.

Comentários
  • Larissa Melo 2324 dias atrás

    Eu sempre associei os carismáticos com os evangélicos pentecostais, pois fazem “carnavais de fé”, por exemplo, fugindo da folia momesca com cultos massivos em que negam qualquer alegria sensual. Os líderes desses movimentos me parecem pessoas que fogem delas mesmas. Me lembro de um programa de TV em que o padre Marcelo Rossi, identificado com essa corrente católica, se recusou a participar de um quadro junto com o humorista Jorge Lafond, a “Vera Verão”. Este último, conta-se, entrou em profunda depressão logo em seguida e teve vários infartos que o levaram à morte. Porque será que o sacerdote de uma religião que ensina que os pecadores merecem mais atenção que os convertidos achou insuportável dialogar com outro ser humano, independente de suas singularidades?
    http://expertplay.net/forum/index.php?/topic/77976-padre-marcelo-rossi-se-recusa-a-dividir-palco-do-gugu-com-vera-ver%C3%A3o-e-%C3%A9-acusado-de-mat%C3%A1-la/

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