Brinquedos e brincadeiras – parte III

Publicado por Sebastião Verly 28 de novembro de 2014

Brinquedos e brincadeiras - parte III

De exercício físico, de correr, ainda havia a brincadeira “Brasil contra Alemanha”, quando formavam duas filas, uma em frente à outra a uma distância de uns dez metros e, a cada vez, um dos participantes se dirigia á fila oposta para provocar os adversários com tapinhas nas costas das mãos e quando batesse na palma da mão o menino ou menina provocado tinha de correr e pegar o provocador que era feito presa de guerra. Quem conquistasse maior número de prisioneiros era o vencedor.

Havia uma brincadeira que terminava em correria, que era a “Margarida está no seu castelo”, em que uma das crianças ficava escondida no meio de todas e uma pessoa ia cantando e “tirando” as pedras do castelo (Eu tirando uma pedra olê olê olá, eu tirando duas pedras olê olê olá. Duas pedras não é nada olê olê olá) até descobrir a Margarida que saia correndo e alguém tinha que pegá-la.

Uma brincadeira bastante usada era Mamãezinha, posso ir? Traçam-se, no chão duas linhas distanciadas mais ou menos de oito metros. As crianças ficam atrás de uma das linhas e a Mamãe atrás de outra. A brincadeira consiste em avançar em direção à linha em que está a Mamãe. Isto é feito através de vários tipos de passos, ordenados conforme a vontade da Mamãe. Cada Criança pergunta: Mamãezinha, posso ir? Mamãe responde: Pode. Criança: Quantos passos? Mamãe: Dois de formiguinha (poder ser de outro tipo), avançado em direção à Mamãezinha. A que chegar primeiro junto a ela será sua substituta. Tipos de passos: formiguinha (colocar o pé unido à frente do outro); elefante (avançar com passos enormes, terminando com um pulo); canguru (movimentar-se, pulando, agachando); cachorro (avançar de quatro pés, isto é, usando os pés e as mãos).

E, mais serenas e tranquilas, eram as brincadeiras de roda com músicas cantadas por todos com a força do coração. “Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar, vamos dar uma voltinha numa noite de luar.” há variações regionais que os complementam como “O anel que tu me deste/ Era vidro e se quebrou./ O amor que tu me tinhas/ Era pouco e se acabou”.
“Fui na fonte do Tororó beber água não achei. Achei bela morena que no Tororó deixei.” “Terezinha de Jesus de uma queda foi ao chão, acudiram três cavalheiros todos três chapéu na mão. O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão, o terceiro foi aquele que a Tereza deu a mão.” E muito mais.

Havia uma série de outros brinquedos especialmente para número determinado de jogadores como as bolinhas de gude, a finca e, naquele tempo, exclusivo para meninos, as peladas e os mocinhos contra bandidos.

As bolinhas de gude ofereciam varias modalidades e eram disputadas as próprias bolinhas como prêmios aos vencedores. A finca exigia uma grande paciência e tato para cercar o contendor e passar pelos espaços estreitos que ele também criava.

Os mocinhos contra bandidos eram mais imitações de filmes de faroeste vistos no cinema local.

A cobra cega era uma brincadeira em que vendava os olhos de uma pessoa e ela tentava pegar os participantes. Era menos usual.
O futebol ou pelada era feito nas ruas de pouco movimento naqueles tempos e os gols eram marcados por duas pedras ou pedaços de pau. Jogava-se com bolas de meia, bolas de borracha e até com frutas murchas.

Há de se lembrar da bente-altas, essa que também sobrevive em ruas de pouco movimento.

A corrida de saco é mais uma competição onde vários meninos entram num saco de aniagem usados para o transporte de café e correm com as pernas presas ali dentro.

Há também a corrida de ovo na colher em que cada criança deve disputar uma corrida delimitada com um ovo na colher, sem deixar cair.
Para a brincadeira solitária havia o arco de ferro que era um aro de ferro tocado por uma haste torta que guiava e impulsionava o aro, numa bela carreira.

Similar, havia também o pneu que era rolado batendo com as palmas da mão e correndo a toda velocidade conseguida.

Mais suaves, havia o bilboquê, pião, a piorra e corrupio que eram excelentes passatempos inclusive onde se mostrava a maestria na execução.
Bolhinhas de sabão eram feitas a partir de um talo de mamoeiro e cortado deixando só a parte mais fina. Faz-se em um copo espuma de sabão, mergulha-se o canudo e em seguida sopra-se bem de leve fazendo-se as bolas que serão soltas no ar.

Pular corda também ainda subsiste e tinha também varias modalidades, desde pular sozinha até pular a corda batida por diversas pessoas e até pulando também várias pessoas. Além disso, tinha o normal, o fogo e foguinho que era a velocidade em que era batida a corda. Começava lento e ia aumentando a frequência da corda com as chamadas “Chicote, Alho, Sal, Pimenta, Fogo!”. Pular corda sempre foi um dos mais animados brinquedos infantis, permitindo inúmeras possibilidades de variação em sua prática.

Outra brincadeira boa para os movimentos era jogar peteca que mais tarde virou esporte formal em Minas Gerais. A peteca era feita de palha de bananeira ou de milho, com as penas de aves que lhe davam direção.

O Briguel era uma montagem mecânica de um boneco que fazia acrobacias entre duas pequenas hastes preso por um cordel. Podia fazê-lo de madeira. Era um brinquedo para treinar a habilidade de movimentos manuais.

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