Solo impermeável, população vulnerável

Publicado por André Henrique Rosa e Samuel da Silva Vaz 11 de janeiro de 2022

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Muitas vezes o ser humano precisa modificar o meio ambiente em que vive para que suas necessidades sejam supridas. Entretanto, estas modificações podem provocar inúmeras situações indesejáveis, como é o caso daquelas provocadas pela impermeabilização do solo através do asfalto e/ou concreto. Esta impermeabilização tem ocorrido principalmente em decorrência da urbanização, provocando diminuição, às vezes por completo, da infiltração de substancias e/ou da água para o subsolo. Ao contrário do que se possa imaginar, a maioria das enchentes não tem ocorrido devido à abundância de chuvas. As enchentes, as quais tem prejudicado a vida e a saúde de inúmeras famílias, têm sido causadas na grande maioria das vezes pela impermeabilização do solo. Após a chuva, a água não consegue infiltrar-se no solo e conseqüentemente acabam por sobrecarregar rios e inundar galerias de esgotos, atingindo as residências. Além da impermeabilização do solo, a destruição da mata ciliar e o assoreamento dos rios, fenômeno que se da pela deposição de resíduos sólidos e/ou lixo no rio diminuindo sua profundidade, são os principais vilões causadores das enchentes. A impermeabilização, segundo dados, tem causado um aumento da temperatura média e uma diminuição significativa na umidade relativa do ar, principalmente nas grandes cidades. Os dados disponíveis têm mostrado que em meados dos anos 70 a temperatura média da cidade era um pouco maior que 19 ºC, e hoje, esta temperatura já ultrapassou 22 ºC. Parece pouco, mas se esta elevação na temperatura (aproximadamente 3 ºC) atingisse todo o planeta, muitos ecossistemas seriam afetados, muitas espécies deixariam de existir, geleiras entrariam em processo de fusão e cidades litorâneas poderiam submergir. Além de alterações climáticas, a impermeabilização do solo realça o frio no inverno e o calor no verão, pois os agentes impermeabilizantes têm alto calor especifico, ou seja, é necessário muita energia para alterar a temperatura destes materiais. No inverno isto não é muito percebido pela população, mas no verão, o ambiente torna-se insuportável devido ao calor irradiado pelo asfalto e construções, além do ar extremamente seco. Este problema de umidade relativa e calor pode ser minimizado com um projeto de arborização da cidade, que poderia ser desenvolvido em conjunto com a recuperação de mata ciliar ao longo do rio Sorocaba, já que existem áreas verdadeiramente degradadas em seu entorno. A impermeabilização do solo também pode aumentar a quantidade de poluentes presentes no rio. A forma com que esse fato ocorre é simples: devido à diminuição da infiltração da água no solo, água esta que retornaria ao rio limpa, pois, o solo que tem a propriedade de filtrá-la, acaba servindo para o transporte de poluentes e outros materiais (por exemplo, lixo). Este fato, além da diminuição da vazão e da calha do rio, aumenta a concentração de poluentes, prejudicando principalmente à fauna e flora aquáticas. Em médio prazo, problemas relacionados à impermeabilização do solo e as enchentes podem ser parcialmente resolvidos através de novas obras de engenharia, como o projeto de reservatórios de contenção que se encontra em discussão na câmara municipal de Sorocaba, para conter as enchentes como a ocorrida no verão passado. Outros trabalhos com o intuito de diminuir as enchentes vêm sendo desenvolvidos, um deles é o desassoreamento do rio que leva o nome de nossa cidade. Este trabalho vem sendo realizado às margens da avenida Dom Aguirre, uma das principais avenidas sorocabanas e a mais problemática em caso de enchentes. O SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) esta realizando esta empreitada e segundo dados fornecidos pela empresa, de 1997 a agosto de 2003, foram removidos cerca de 150 mil metros cúbicos de lodo que estavam depositados no fundo do rio. Lodo este que poderia ser utilizado na construção civil para preparação de telhas e/ou tijolos ou na agricultura como agregador em solos. A impermeabilização do solo é apenas um, dentre inúmeros impactos negativos que o homem tem causado ao meio ambiente. Medidas para a resolução deste problema devem ser tomadas, pois a resposta da natureza a esta agressão já veio, a as que estão por vir tendem a ser ainda mais rigorosas. Caso você tenha interesse em assuntos relacionados à área ambiental principalmente no que se refere à poluição/qualidade de água, solo, ar, coleta seletiva e reciclagem de materiais, ou queira conhecer um pouco mais sobre o trabalho que vem desenvolvendo a UNESP-Sorocaba através do Grupo de Estudos Ambientais (GEA), sugerimos acessar o site: www.sorocaba.unesp.br/gea .

Comentários
  • Samuel Vaz 36 dias atrás

    Escrevi isso a 20 anos atrás, parece que não evoluímos muito na permeabilizção 🤣

    Hoje trabalho no meu sítio, e estou exatamente drenando uma área susceptível a alagamentos. Ficou ótimo, e o corregozinho que recebe a água da drenagem agradece, o barranco também, já que deságua direto no córrego por um tubo de 100mm ao invés de causar erosão.

  • Fernando Alan 3621 dias atrás

    Muito bom. Pesquisei na internet sobre alternativas de permeabilização e descobri que algumas cidades usam campos de futebol e espaços gramados rebaixados como áreas de infiltração, achei excelente idéia e que precisa ser replicada, pois não é uma solução praticada no país, já que a regra é escoar a água da chuva e não aproveitá-la.

    Abraço e parabéns pelo texto.

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