“Please I Can’t Breathe”

Publicado por Antonio Ângelo 15 de junho de 2020

“Please I Can’t Breathe”

Por demais tarde
E o momento não permite
Concomitância de astros

Sangue e lua
Grito e choro
O ar que falta
A face contra o asfalto
Cenário de Goya

Norte? Sul?
Indiferente
Nem o vento
Que ora sopra
Sabe nos mostrar
Para onde fugir

Comecemos pelo que intuímos
Vai dar em caos, guerras
Irmãos matando irmãos
Carnificina, estupros
E as mãos que reagiriam
Tentando a sobrevivência
Estão às costas atadas

O que não se vai esquecer, constatamos
Sob a truculência daquele joelho
Um gemido desesperado pedindo piedade
A compressão inarredável sobre a traqueia
George Floyd impedido de respirar
Ante a rudeza de quem o sufoca

Não contemos até dez
Entendamos, num esforço tenaz
Destituídos do que supúnhamos
Seria o caminho para a redenção:
Enquanto o harmatão varre o deserto
O que não findar com a batalha
Há de resvalar em penúria, fome e submissão
Sob o olhar cínico dos carrascos

Comentários
  • wesley 1403 dias atrás

    Os bons poetas, entre outras coisas, nos ensinam palavras novas. São as pérolas do tesouro, e especial é encontrá-las. Vou ao Aurélio em busca do harmatão. Hei de decifrar essa esfinge.

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