As tardes eram azuis

Publicado por Wesley Pioest 17 de outubro de 2018

As tardes eram azuis

há retratos desbotados
que nunca se apagarão
no fragmento da memória
as tardes eram azuis

bem azuis, debaixo do céu
e um coração palpitava
no sonho daquele menino
resplandecente que eu era

a cidade, de tão pequena
mal me cabia no bolso
que a irmã costurara
no algodão xadrez da loja

um menino que atravessa
a praça inteira e a vida
terá poema recitado
no alto falante da igreja

seu sorriso vai abrir
a lona imensa do circo
que a lua esconderá
no lençol alvo do tempo

mas o tempo azul desbotado
quem haverá de dobrar
estendido num varal
com a tarde nele impressa?

Comentários
  • Antonio Angelo 1981 dias atrás

    Belo poema, Wes!
    A poesia continuará estendo seus azuis, mesmo quando desbotados, mesmo que a paisagem seja impiedosa e áspera como num Saara.

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