Eu pecador

Publicado por Antonio Ângelo 23 de setembro de 2013

Na fila para a confissão
ficava a rememorar os malfeitos
que deveria contar ao padre.

A igreja era bonita
e me lembro de mim criança
admirando os reflexos dos vitrais.

– Respondi minha mãe, briguei com meus irmãos, falei palavrões –
era a cantilena repetitiva de meus desacertos
na penumbra do confessionário.

Depois cresci, tornei-me adulto,
passei à prática de outros delitos,
estes sim merecedores de duras penas.

Mas aí, já dos confessionários distante,
apenas comigo – em ruminação sem préstimo –
guardei a enfiada dos pecados.

Comentários
  • CARLOS LUÍS 3837 dias atrás

    “D”Angelo,cadê o livro?Não sejas egoista.Publique-o.Incomoda-me ser um dos poucos privilegiados a ter acesso ao teu trabalho que está cada vez mais inspirado.

  • Milton Tavares Campos 3837 dias atrás

    Poetas inspirados na gávea, bons ventos para esta nau.

  • Wesley 3837 dias atrás

    Aí está, para quem quiser ler, o maior poeta de Minas, quiçá do Brasil, da atualidade. No mínimo. Eu deveria levar algum prêmio por ter sido o primeiro a publicá-lo. Aliás, não é necessário. Basta o orgulho editorial.

  • LÚCIO FERRAZ 3837 dias atrás

    A poesia retratando o espírito humano em cortes temporais que revelam e desvelam épocas. O poeta-contista rebusca nas intermitências do vivido e do interdito a essência dos tempos da infância distante, e jamais perdida.

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