Supremacia: as sementes da guerra

Publicado por Antonio Carlos Santini 17 de agosto de 2017
Supremacia

Os grupos humanos sempre foram sociedades divididas. Como pano de fundo, o medo, a desconfiança, a sede de dominação, o orgulho nacional, as feridas da última guerra. Desde tempos remotos, o rótulo de “homem” só se aplicava aos habitantes do nosso vale, quem vivia no vale vizinho não merecia este nome. Fabricar inimigos estimula a circulação sanguínea…

Qualquer coisa serve para iniciar o combate: a cor da pele, negros x brancos, a cor da bandeira, confederados x unionistas, o animal totem, galo x raposa. O que importa é estar “por cima”, ditar as normas, editar as leis. O vencedor tem a supremacia, termo cuja raiz grega é “machia”, a luta.

Claro, se o Evangelho fosse praticado, seríamos todos irmãos. O fazendeiro branco não teria escravos negros. O governante wasp, white, anglo-saxon, protestant, isto é, branco, anglo-saxão e protestante, não chamaria os imigrantes mexicanos de cucarachas, ou seja, “baratas”.

Mas o Evangelho é chato, incomoda, dá prejuízo. Então, Bíblia no lixo e armas na mão. E começou a guerra.

* * *

Os recentes conflitos nos EUA não acenam com novidade alguma. Apenas confirmam o lado irracional do ser humano, para desespero de Aristóteles: homo animal rationalis (?). Irracionalismo que se verifica na história de Hitler, perseguidor de judeus, pregador da supremacia ariana, e ele-mesmo descendente de judeus e africanos, segundo os especialistas em genética.

Parece que, sob a pele de um “supremacista” – palavra feia, imprópria, infeliz – escondem-se interesses econômicos. Não foi a visão do prejuízo financeiro com a libertação dos escravos que inflamou o Sul dos EUA? Não é o medo de perder o emprego que move setores ianques contra os imigrantes latinos?

O preconceito tem desculpas na epiderme e motivações no miocárdio. Por que os japoneses chamam os estrangeiros de Konketsu, sangue misturado, ou half, metade? Os japoneses chegam a sentir-se incomodados quando um estrangeiro fala o idioma local com perfeição e assimila bem os hábitos nacionais, pois isto questiona a ideia que eles fazem de sua identidade cultural específica. Mas o que mais incomoda é que o imigrante assume postos de trabalho e aceita salários mais baixos.

Quando o apóstolo Paulo conheceu Corinto, a rica cidade situada em uma península com dois portos em dois mares diferentes, 2/3 dos 500.000 habitantes eram escravos, sem os quais o comércio e a navegação seriam impossíveis. A economia capitalista não sobrevive sem fracos dominados por suprem… digo, fortes…

Parece que Trump sabe disso…

Comentários
  • Demetrio 2402 dias atrás

    O sentimento que levou à eleição de Donald Trump é o nacionalismo descarado, a favor da supremacia anglo saxônica-protestante nos EUA e desse país sobre todo o mundo. A oposição democrata por seu lado se pauta pelo políticamente correto em consonância com a grande midia, tem convicção da supremacia dos EUA no mundo, mas desconectada da supremacia branca internamente.

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