Comentários dos Leitores – 1ª Quinzena – Setembro 2011

Publicado por Editor 19 de setembro de 2011

Sania Campos em “Comentários dos Leitores – 2ª Quinzena – Agosto – 2011”

Sugiro ao Editor a publicação deste artigo que saiu no jornal “Estado de Minas”, caderno “Pensar” em 17/09/2011

Tempo vazio e contemplação

Mozahir Salomão Bruck – professor da PUC Minas.

“Quanto mais tentamos fazer render o nosso tempo, mais temos a sensação de que o perdemos.” Foi com essa frase que Maria Rita Kehl encerrou a conversa que tivemos no percurso entre o hote l em que dormira na rápida estadia na capital mineira e o já hoje nem tão distante aeroporto de Confins. A psicanalista veio a Belo Horizonte para falar a estudantes de comunicação social da PUC Minas. Abordou aspectos da mídia e seus impactos na sociedade e o que considera ser uma grande e quase cega “fé” nos meios de comunicação e nos dispositivos de interação em geral.

No trajeto até o aeroporto, onde a escritora embarcaria de volta para casa, em São Paulo, nossa conversa privilegiou, no entanto, outro tema: as análises que Maria Rita Kehl, mais recentemente, tem se dedicado a fazer sobre como, na contemporaneidade, o homem tem abruptamente alterado sua percepção do tempo. Parte dessas análises, a psicanalista tornou pública no ano passado, quando lançou O tempo e o cão – a atualidade das depressões, pela Editora Boitempo. Segundo ela, a aceleração da nossa experiência de tempo pode estar provocando o aumento e intensificação das depressões.

Maria Rita Kehl buscou no pensador Antonio Candido a repulsa à ideia do tempo apenas como meio e modo de realização e obtenção das coisas, especialmente as materiais. Candido escreveu há alguns anos que o capitalismo é o senhor do tempo, mas que tempo não é dinheiro. Kehl disse ter considerado muito singela e muito precisa a observação do professor, desfazendo, na verdade, o mote quase publicitário de que “tempo é dinheiro”. Com sua reflexão, Antonio Candido nos alerta, diz a psicanalista, para o fato de que aceitar isso seria uma barbaridade, uma brutalidade, pois o tempo é o tecido de nossas vidas.

O tempo, enfatiza, é tudo que nós temos, pois nossa vida é composta de tempo e de nada mais além dele, sendo que cada um o preenche ao seu modo. Para a escritora, quando começamos a fazer com que ele renda, apenas tendo em vista o quanto pode nos proporcionar materialmente – “para nós ou para o outro, porque normalmente quem enriquece não é a gente”, ironiza –, é o valor da vida que se perde. Kehl chama ainda a atenção para o fato de que quanto mais se tenta preencher a vida com muitas atividades, tentando fazer com que o tempo renda mais e mais (muitas coisas na agenda em um dia só, alimentando essa sensação de que o aproveitamos bem), mais se tem a sensação de que não vivemos nada, de que nada aconteceu.

O que Maria Rita Kehl denomina de novo modo de percepção do tempo tem ainda outros ingredientes, entre eles a intensa colagem do homem aos chamados dispositivos hodiernos, leiam-se aqui smartphones, netbooks, tablets e readers em geral – também, por assim dizer, sintoma dessa contemporaneidade acelerada. A psicanalista conta que certa vez estava em um local público, onde havia inúmeros jovens. Ela reparou que, em uma das mesas, alguns rapazes e moças quase não conversavam entre si. Estavam falando, por meio de seus aparelhos, com outros que não estavam ali. Ficavam fotografando e enviando mensagens e imagens para os ausentes. “É estranho”, pondera a escritora. “Eu não sei dizer ainda o que isso implica, mas você observa que, de fato, as pessoas estavam ali, face a face, mas em vez de conversar, preferiam estar ocupadas nos seus aparelhinhos para falar com quem estava longe”.

Mas, mesmo para a análise dessa cultura marcada pela excessiva mediatização, Maria Rita Khel opta por valer-se da categoria tempo. Para a psicanalista, esses “aparelhinhos que nós acreditamos que precisamos dele para poupar tempo acabam por ocupar o nosso tempo. Ocorre então o contrário, pois eles nos escravizam”. A escritora salienta ainda que a pessoa pode, todo o tempo, receber notícias, mensagens, fotos e vídeos de todo mundo que não está do seu lado. E, quando fica sem fazê-lo, tem a sensação de que está perdendo alguma coisa. “Tem a ver”, destaca, “com o funcionamento do superego, isto é, se você pode, você deve. O fato é que as pessoas ficam muito menos disponíveis para conversar, para se relacionar… mais ainda, não tomam para si um tempo para ficarem quietas, para observar a paisagem.”

Sob tensão

Pessimista em relação ao modo como o homem contemporâneo vem vivenciando e instituindo sua percepção sobre o tempo, a psicanalista diz acreditar que “o tempo vazio vai desaparecer da face da Terra”. De acordo com ela, as pessoas parecem ter simplesmente desaprendido a sentir o tempo passar, a relaxar. “Uma das coisas que eu gosto muito”, conta, “em uma viagem de ônibus, já que eu não estou dirigindo, é de ficar olhando pela janela. Gosto disso desde quando era criança. Ao olhar a paisagem, passa muita coisa na cabeça da gente, mas não é aquele pensamento consciente, que você tem que resolver um problema… mas o que Walter Benjamin chama de devaneio. Pois isso está cada vez mais difícil. Os ônibus e até os táxis já estão cheios de telas para você ocupar seu tempo, assistindo coisas que não pediu para ver”.

Certamente, muito mais do que um jogo de palavras, a psicanalista nos alerta para o fato de que é esse horror ao vazio que nos esvazia. “Esse horror ao vazio e todos os dispositivos que temos para não deixarem nenhum tempo vazio significam para nós muito mais um risco de esvaziamento do que de nos preencher… Esse horror ao vazio é o que nos esvazia.”

Kehl lembra que o que preenche a vida, principalmente, é o trabalho psíquico, é o trabalho da imaginação, do pensamento, do devaneio e do sonho. “A questão aí é que as coisas da vida chegam cada vez mais para nós elaboradas pela mídia, pela publicidade e por toda a tecnologia”, pondera. “E já com a contemplação, bem, a contemplação não tem finalidade. É um fim em si mesma. Ela tem um prazer, ela é cheia, vamos dizer assim. Por outro lado, o tempo usado como meio para outra coisa é vazio. Ele é só meio. Quanto mais as pessoas fazem render o seu tempo, mais ficam com a sensação de que o perderam, que o desperdiçaram. Enfim, elas se fizeram instrumento de alguma coisa que não sabem exatamente o que é”, conclui.

Estado de Minas, Caderno Pensar, 17-9-2011

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Renato Carvalheira do Nascimento sobre o artigo “Denise Paiva: “Era outra história”.”

Li recentemente e por um acaso também estive na mesma época (final dos anos 70) em Moçambique (capital Maputo), mas era muito pequeno. Sou filho do professor Elimar Nascimento e fiquei muito emocionado ao ler o livro. Mereceria até outra edição com a realização das entrevistas de Erundina e do Cristovam Buarque. Lembro que o senador, então Reitor da UnB na segunda metade dos anos 80, criou o prêmio Josué de Castro, além de apoiar Anna Peliano em seus estudos na própria universidade. Por outro acaso da vida, estou fazendo o doutorado sobre o Consea e o livro foi de suma importância para melhor compreender a Era Itamar. PARABÉNS pelo livro!!!

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Vagner em “Comentários dos Leitores – 2ª Quinzena – Agosto – 2011”

Muito estranho que a imprensa mineira não dê uma única linha sobre a condenação de Marcos Valério no Mensalão Mineiro. Temos que ler estas noticias nos jornais de outros estados:

http://extra.globo.com/noticias/brasil/justica-de-minas-condena-marcos-valerio-seis-anos-de-prisao-2626384.html

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Maria Joana sobre “Carta recebida de José Afonso da Silva”

Muito interessante!!

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Thomaz Antônio sobre o artigo “Thomaz Campos & Cia”

Orgulho de ter meu nome igual do meu bisavô Thomaz.

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Daniel, Betim em “Contato”

Peço que publiquem esta foto da Presidenta ostentando o manto sagrado.

Obrigado

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Verly sobre seu artigo “Consciência Comunitária e Cultura de Paz”

Fico feliz em ver meu texto publicado. Sonho ainda ver todas as vilas e favelas de BH com projetos próprios de melhoria da vida para as pessoas que as compõem. Pratiquem.

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Patricia Guarnieri sobre o artigo “Hamurabi e a Logística Reversa”

Boa noite Sebastião Verly,

gostaria de parabenizá-lo pelo texto, muito interessante! Possuo um blog sobre Logística Reversa e gostaria de saber se você me autorizaria a publicar seu texto no meu blog. O site é: http://patriciaguarnieri.blogspot.com/

Aguardo sua resposta e fico grata pela atenção.

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VITORIA sobre “Crônica de Ficção”

MUITO CHATO

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luciana sobre “Nenhuma Ordem Mundial”

pppppppppppppeeeeeeeeeeeeeeccccciiiiimo!!!!!!!!!!!!!!!!

odiei tudo tudo tudo tudo!

isso nao presta para nada!

só ocupa espaço>….tira logo isso da rede!!!!!!!!!

porcaria de site!!!!!!!!!!1111

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Naiara Campos para Editor

Sugiro a reprodução do artigo de Neca Setúbal publicado na

página de opinião da Folha de São Paulo do dia 2/9/2011.

As novas formas de participação cidadã

MARIA ALICE SETUBAL

Em vez de uma participação latente que emerge somente em época de eleições, os jovens se engajam em causas sociais, ambientais e culturais

Tendo participado ativamente da campanha presidencial de Marina Silva em 2010, sou interpelada a toda hora por pessoas de diferentes idades, que atuam em diversos setores da sociedade, com uma cobrança: “E agora, que vamos fazer?” Tal indagação me remete a outra questão: como viabilizar a participação ativa e estruturada de maneira a influenciar o funcionamento do Estado e a vida social?

Os desgastes dos partidos políticos e as crises financeiras e sociais do mundo hoje nos obrigam a pensar novos paradigmas que possam acolher o desejo de participação de milhares de pessoas, sobretudo jovens, que se sentem excluídos desse modelo de sociedade.

Trata-se ainda de um desejo difuso e intangível, mas que está gerando novas formas de participação e atuação na sociedade. Em vez de uma participação latente que emerge somente na época das eleições, as novas gerações se engajam cotidianamente em causas sociais, ambientais e culturais, em uma forte e apaixonada busca de soluções para enfrentar os desafios do século 21.

Nesse cenário, pensar novos modelos de sociedade e, sobretudo, pensar novas formas de participação nos leva a analisar a atuação das organizações da sociedade civil e sua inserção no debate político mais amplo.

No campo social, os recursos se concentram, cada vez mais, em grandes fundações e institutos em detrimento das organizações comunitárias. Entretanto, essas pequenas organizações cumprem um papel imprescindível para a consolidação dos direitos humanos nas questões de raça, gênero, população de rua e de presídios e outras.

Nesse contexto, de um lado, a falta de recursos e de espaços de atuação, além de enfraquecer a luta por essas causas, resulta em perda de capital social e em esgarçamento do tecido social, na medida em que essas ONGs de base atuam como pontes entre pessoas, instituições e as políticas públicas na construção de uma sociedade democrática e participativa.

E de outro lado, novas e diferentes formas de organizações da sociedade civil têm surgido com força -por exemplo, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Rede Nossa São Paulo, Fórum Social de São Paulo, Comitê das Florestas, Todos pela Educação, dentre outras. São experiências de organizações fluidas e horizontais, legitimadas pela inclusão de vários atores.

O século 21 exige visão sistêmica e não linear das diferentes políticas e programas, além de hierarquias flexíveis, trabalho colaborativo, autonomia e liberdades de escolha e opção. Por fazerem a diferença, os bens coletivos e os intangíveis devem ser priorizados: ouvir, respeitar, reconhecimento social, fazer junto, cooperação e reciprocidade.

Nesse cenário de crise de partidos políticos, dificuldade financeira e institucional de parte da sociedade civil organizada, coexiste uma fértil vontade de mobilização entre jovens, com experiências de escolas de ativismo e de lideranças, e movimentos de transparência que se multiplicam pelo país.

É na sociedade civil que será possível encontrarmos as respostas para os desafios que o século 21 nos coloca.

Para além da premência indiscutível de reorganização dos partidos e das formas de representação política, o maior desafio é garantir a multiplicação de posições e espaços para novos modos de mobilização e incrementar a capacidade de influência das diversas vozes que ecoam na sociedade.

É essa a saída para o fortalecimento da sociedade civil e para a implementação de políticas públicas compromissadas com o desenvolvimento sustentável e justo para o país.

MARIA ALICE SETUBAL, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), é presidente dos conselhos do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) e da Fundação Tide Setubal.

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