Shakitpat

Publicado por Bill Braga 21 de dezembro de 2017

Shakitpat

Em minha jornada acabei me deparando com algo que seria uma “busca espiritual”. Esse termo denota algo que esteja fora, distante, e que devemos alcançar. Algo dual, como se eu sujeito tivesse um objetivo, uma meta a alcançar, e chegando lá a busca teria fim. Doce ilusão. Nos meios espirituais muito se fala sobre a tal iluminação, que seria um estado livre de sofrimentos, e pleno, um ser como Buda, enfim. Mas descobri que isso pode ser uma doce ilusão, portanto, por isso, discuto aqui com vocês algumas questões que me incomodam nesse meio espiritual, e fundamentalmente o porquê da busca, se há uma busca, e porque simplesmente não buscar e Ser.

Nesse ponto tem algo que devemos refletir sobre, nossa identidade e real natureza. Como dizem os mestres há a metáfora da onda e o do oceano. As ondas são como nossas identidades, nossas personalidades egóicas, enquanto o oceano é o que somos, a existência, sem personalidades, um todo que se auto-conhece através de si.

Existem dois conceitos aí que devem ser discutidos. O eu e o Todo. E aonde, e em que ponto os dois se cruzam, ou não. A causa do sofrimento vem exatamente daí, da identificação pessoal, enquanto, ao mesmo tempo, continuamos vivendo num mundo relativo, nos apegamos a valores ditos espirituais, de não sermos ninguém. Mas o ponto fundamental está em deixar os conflitos aflorarem, como uma ferramenta de autoinvestigação, no sentido de entender que somos a Eternidade, vivendo papéis humanos.

Como se Deus vestisse máscaras humanas e buscasse se encontrar. Se a saída é deixar de se importar, porque não simplesmente viver, sem rótulos, sem identificações, e ainda assim manter o mistério vivo, algo de que não podemos falar, isso, algo que só se pode experienciar?

Em minha jornada me deparei com muitos que se orgulham de se dizer buscadores, como se realmente houvesse algo a buscar, uma meta a atingir, um estado especial de “consciência expandida”, em que cessariam as dores e sofrimentos e viveríamos como em regresso a um paraíso perdido. Esta visão não se aparenta real, em minha experiência. Vejam bem, tudo que digo é minha experiência direta e por ela digo, cessem as buscas, parem de buscar e simplesmente sejam, aquilo que ressoa mais forte em seu peito é aquilo que deve acontecer, independente de quem você pense ser, seus karmas, ou vidas passadas!

A vida é uma caminhada muito curta e muitos caminhos ditos espirituais tendem a complicar algo simples, e propondo práticas e mais práticas prometem uma liberação no fim de muito esforço. Pois eu digo, não há esforço, simplesmente desapegue-se de tudo que te prende, de uma maneira bem prática, exercite a aceitação, e veja as mil possibilidades que a vida lhe oferece a cada instante. Sim, poderíamos ficar aqui discutindo sobre os mecanismos e as facetas do ego, como alguns gurus fazem por aí, mas assim estaríamos nos prendendo em mais um ciclo vicioso, buscando um eu espiritual, não-egóico. Não há porque lutar contra o ego, já que esse foi uma identidade construída para a sobrevivência, e sua função vai até onde nos identificamos com ele. Sair da lógica que sou um eu separado, um ego, lutando por sobrevivência, e aceitar que sou a Consciência, que tudo observa, inclusive a si mesma através dos mecanismos egóicos, é dar o passo fundamental e libertador. Em outras palavras somos Deus, achando-nos mendigos e o simples entendimento de que estamos além de qualquer classificação, e a profunda aceitação de que somos Tudo e Nada ao mesmo tempo, que somos o Infinito buscando se reconhecer enquanto tal, são a chave do que tento lhes dizer.

Provavelmente você deve estar pensando, mas quem é esse cara para dizer isso? De onde ele tira autoridade para falar tais coisas? Então lhes respondo, sou o mesmo que você, Isso, que está por trás do mistério de toda a Existência. Em minha trajetória passei por diversos caminhos buscando Isso, o Inominável, a Libertação, a Iluminação. Acontece que descobri que isso tudo são balelas. Não confie em seu guru. Seu único guru é sua própria vida, e ela foi criada exatamente para que você tenha esse reconhecimento. Desligar-se das teorias, das filosofias mentais, mergulhar na experiência é a única prática que te proponho. Você há de experienciar a plenitude do que já É, a partir do momento em que se desvencilhar das amarras, do passado, da expectativa de futuro, sentindo o Presente em sua vida, o Agora! É para isso que os ensinamentos apontam, mas em sua maioria as pessoas traduzem ensinamentos em esquemas mentais, e repetem como papagaios o que outros dizem, por acharem bonito, por crerem ter descoberto uma verdade essencial. Não, Pare! Não faça isso! Descortine os véus de tudo que você pensa saber, esqueça tudo o que aprendeu, mergulhe no interior d’Isso que não tem dentro nem fora, está aqui e aí, lá e acolá. Enfim, aceite seu papel como Deus! Mas não um tipo de Deus que está criando realidades e outros blá-blá-blás. Mergulhe na Verdade da qual você é apenas mais uma onda nesse Oceano da Existência e delicie-se em ser um Nada, apenas uma onda no oceano. Não aceite ser onda. Seja o Oceano. Negue tudo, inclusive o que te digo, se isso não for confirmado por sua experiência.

Poxa, mas tanta maldade, tanto sofrimento, o mundo caótico, Trumps e Temers nas respectivas presidências. Não, Pare, Reflita! O mundo em que vivemos é relativo, dual, se existe a riqueza, a pobreza se cria por consequência. Se dizemos Belo, já criamos o Feio. E porque não podemos aceitar que este mundo tem suas polaridades e dualidades, e tudo isso não passa de uma grande piada cósmica em que o objetivo final é não ter objetivo algum. Alguns falam de missão, de propósito, de evolução da alma, etc. Não, Pare, Respire, Reflita! Questione-se apenas quem sou Eu, que leio essas palavras? Um corpo? Uma mente? Uma alma? Antes que entremos em mais e mais teorias digamos que existe apenas um vedor, uma consciência que experiencia a leitura dessas palavras.

Indo além, há algo que separa essa consciência que eu sou, dessa consciência que você é? Não pode haver! São duas manifestações da mesma consciência, que se torna ciente de si através de diferentes expressões corpo-mente. É uma pergunta simples, você está consciente nesse momento? Talvez seja melhor dizer que você é consciência consciente nesse momento. Mas cuidado com as palavras, não quero tergiversar ou te confundir. Siga essa investigação com o coração, não com a razão. A razão já cumpriu seu papel até aqui, agora é hora dela ceder lugar ao espontâneo reconhecimento do Ser que brota do coração. Porque enquanto você projetar suas expectativas numa próxima vida, ou na Shakitpat que lhe é passada por um guru, você estará fugindo daquilo que é a única coisa que pode validar sua existência: o Reconhecimento de sua Real identidade através de sua experiência.

Veja bem, eu disse mais de uma vez que a experiência é a pedra de toque do que busco apontar aqui. E a minha não pode ser transmitida com palavras, nem a sua pode ser influenciada por minhas palavras. Então a dica é a seguinte: acalme-se, mergulhe no infinito do Agora, já que esse é o único tempo que pode existir, fora de especulações mentais. O passado já passou e o futuro é apenas uma projeção, então descarte livros, mestres, gurus, e apenas permita-se viver a intensidade do Agora, mergulhando na imensidão do Ser sem fronteiras que você já É. Permita-se, Arrisque! O máximo que pode acontecer é você preferir voltar às suas velhas crenças e viver uma vida medíocre. Tente. Vale a pena!

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