Serra da saudade

Publicado por Antonio Ângelo 11 de julho de 2017
serra da saudade

serra da saudade

Eu menino, meu pai tomava-me pela mão
subíamos a Rua São José
íamos até a Cruz do Monte para presenciar o entardecer.

Lembro-me ainda daqueles céus amplos
nuvens retintas
a terra em verdes e azuis.

Na linha do horizonte a sudoeste
a elevação da Serra da Saudade.
Meu pai dizia: – Está vendo lá? – apontava-me
lá está a Serra da Saudade.

Em silencio acompanhávamos o pôr do sol
rajas amarelo-sanguíneas
até que a escuridão nos envolvia
e vínhamos de volta para casa.

Hoje, tivesse meu pai a acompanhar-me
iria levá-lo ao cimo da Serra da Saudade
de onde apontaria: – Olha, meu Pai, está vendo?
Lá está a Cruz do Monte.

Comentários
  • wesley 2446 dias atrás

    Essa bateu na veia, caro poeta. Essa é de primeiríssima. Doeu-me o coração, saudades do meu pai. Senti o calor da mão dele, a me guiar pela rua sem fim desta vida.

  • aminthas 2451 dias atrás

    Antônio Ângelo ,delicado, introspectivo, este lindo poema.
    “Ainda que o gesto me doa, não encolho a mão: avanço levando um ramo de sol. Mesmo enrolada de pó, dentro da noite mais fria, a vida que vai comigo é fogo : está sempre acesa” ( A VIDA VERDADEIRA – Thiago de Mello)

  • Sérgio Mudado 2451 dias atrás

    No encontro introspectivo de si mesmo, Antônio Angelo transcende, vai além, muito além de serras e mundos. Que belo poema!!

Deixe um comentário

banner

Fundação Metro

Clique Aqui!