Einstein, acabou o gás…

Publicado por Antonio Carlos Santini 22 de outubro de 2013

Às vezes, alguém me fala sobre um pesquisador que registrou duas mil patentes industriais antes de morrer aos cinquenta e dois. Sabem as antífonas, aqueles versos que o padre católico canta na missa, alternando com os salmos? Li que um monge do Monte Athos compôs duas mil preciosas, antes de ser convocado à liturgia celeste. Coço a cabeça, torço os bigodes da mente e me pergunto: “- Onde acharam tempo?”

E fico imaginando o Dr. Albert Einstein – aquele da Teoria da Relatividade – em seu gabinete pessoal. As paredes escondidas por livros, calhamaços, enciclopédias, onde o saber humano se entrincheira à espera dos filósofos e dos pesquisadores. Uma espécie de Linha Maginot, aquela trincheira que os franceses construíram antes da 2ª Guerra Mundial acreditando que conteria os alemães. Sim, o Dr. Einstein passou a noite em claro. Não podia dormir. Alguma coisa o deixou em vigília. Lá nas dobras da pia-máter, aquela membrana que reveste o sistema nervoso central, três ou quatro neurônios de última geração estão a brincar com letras e números. Uma espécie de equação está para se formar na cabeça do Dr. Einstein. Hum… Parece que se trata da letra “E”… Tenta sobrenadar, talvez, uma letra “m” de braços dados com uma letra “C”…

Por isso mesmo, o grande físico, ainda não era assim considerado!, sabe que está a milímetros de uma grande descoberta para a compreensão do Universo. Na tela de sua mente, uma equação começa a se formar: E = m…

É quando batem à porta:

– Albertinho, o gás acabou…

Que aconteceu? Foi D. Bertha – vamos chamá-la assim – que viu seu almoço interrompido pela falta de gás e resolveu pedir socorro ao marido. Sim, caro leitor, não pense que o Dr. Eisntein não tinha motivo para ficar mostrando a língua para os outros! Ser físico é fácil. Enunciar teorias sobre o Universo é café pequeno. Mas ser o “patrão”… não é fácil!

E que tal o Prof. Newton, aquele da maçã cadente? Está em um banquinho sob a macieira, de plantão, há seis horas e dezessete minutos, esperando que caia uma maçã madura. É a oportunidade que ele terá de descobrir umas novidades sobre a atração universal dos corpos. Prof. Newton nem pisca, de olho na maçã mais provável: uma vermelhinha, bem lustrosa, cai-não-cai…

Súbito, como uma aparição, quem está à sua frente? Ora, a senhora Newton, com um vestido de seda preta, decote ousado, perfumada com Chanel nº 5. Ela se contorce e diz:

– Ó Isaac… meu bem… você nem liga mais para mim. Onde está aquela antiga atração?

Pronto. A maçã caiu e Sir Isaac Newton, epa! Ele ainda não é “sir”, estava de olho na Eva. Jogou fora sua grande oportunidade de ficar famoso e baronete do Grande Império Britânico. Só por causa dos sonhos românticos de sua cara-metade!

*   *   *

O leitor benevolente está entendendo a angústia existencial do cronista? Deixe-me ajudá-lo com algumas perguntas didáticas:

– Beethoven tinha de recolher o lixo da casa às segundas, quartas e sextas?

– Leonardo da Vinci levava seu cão pastor a passear?

– Machado de Assis molhava as couves da horta de manhã e de tarde?

– Sócrates ficava na fila da Loteria Esportiva para pagar a conta de luz?

Duvido. Duvi-d-ó-dó!

Menos mal que, ao enfrentar São Pedro, estou certo de que ele não me fará uma sabatina sobre a Teoria da Relatividade. Mas perguntará, com certeza:

– Antônio, você cuidou bem do lixo? Desentupiu o ralo? Consertou a válvula do banheiro?

*   *   *

No céu, ninguém lê crônicas. Mas se eu encontrar por lá a D. Bertha, ah! vai ter!…

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